29/04/2014

Explorando os sentidos

Por Débora Francisco




Você se lembra daquelas aulas de língua portuguesa sobre figuras de linguagem? Se sua resposta foi sim, provavelmente, você se lembrará do que chamamos de sinestesia.

Para os esquecidos de plantão, vai aí um refresco para a memória. Expressões como “grito áspero” e “voz escura” exemplificam o que é a utilização da sinestesia como figura de linguagem, mais especificamente, figura da palavra. Este recurso está muito presente na poesia simbolista da nossa literatura. Autores representantes desse período literário como Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens, e de outros períodos, como Mário de Andrade e Casimiro de Abreu, usaram e abusaram da sinestesia em suas obras. Veja alguns exemplos:

“As falas sentidas, que os olhos falavam
Não quero, não posso, não devo contar”. (Casimiro de Abreu)


“Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do sol que a Dor da Luz resume...” (Cruz e Souza)



Ao observarmos os recortes desses poemas, percebemos a mistura, a combinação ou a transferência de sentidos, e essa é a definição pura e simples do termo em pauta. Um perfume evocando uma cor (olfato + visão) ou um som evocando uma imagem (audição + visão), por exemplo, é o cruzamento de sentidos que traz uma beleza toda especial à arte da palavra.

A sinestesia como figura de linguagem é um assunto que faz parte dos estudos da minha área de formação (Letras) e achei melhor começar falando do que eu conheço bem, mas decidi tratar sobre esse tema após ler um artigo publicado pelo periódico britânico “The Guardian” que aborda a sinestesia dentro dos campos da psicologia e da neurociência. Nesse contexto, ela assume um caráter ainda mais interessante, pois passa a ser vivida de fato por indivíduos chamados de sinestetas.

Sinestetas são pessoas capazes de relacionar, por exemplo, cores a letras e números, cheiros e gostos à música ou o toque à visão. Sabe-se que pelo menos 4,4% dos adultos possui essa habilidade.

Alguns exemplos famosos desses seres privilegiados pela natureza são:

Richard Feynman (1918-1988). O físico americano, ganhador do Nobel de 1965, dizia ver letras e números coloridos. Enquanto dava aulas, ele via letras xis marrom-escuras flutuando no ar.
Wassily Kandinsky (1866-1944). Tudo indica que o pintor russo misturava quatro sentidos: visão, audição, olfato e tato. Ele chegava até a cantar os tons de cores que pretendia usar na paleta.
Eddie van Halen (1955-presente). O guitarrista americano, fundador da banda Van Halen, usou o dom de ver notas musicais coloridas para criar a "nota marrom", usada em discos da banda.
Vladimir Nabokov (1899-1977). Quando criança, o autor russo reclamava que as cores de seu alfabeto de madeira estavam erradas. Criou vários personagens sinestetas.
Pharrel Williams (1973-presente). Em entrevista para o programa Nightline (do canal americano ABC), o produtor e artista do hip-hop disse que “sempre visualizou o que ouvia, era como ouvir cores estranhas”.
Stevie Wonder (1950-presente). O cantor/compositor/produtor tem a habilidade de associar sons a cores.

Esses são apenas alguns exemplos dentre muitos outros os quais tomei conhecimento. É interessante observar que grande parte deles é formada por artistas. Já que sou uma amante das artes, fico ainda mais fascinada em saber como é que a coisa toda funciona. Algumas das perguntas que pipocaram em minha mente enquanto eu tentava entender sobre o assunto foram: O que faz alguém ser um sinesteta? O que acontece no cérebro dessas pessoas? Existem testes para saber se eu sou um sinesteta?

O que faz alguém ser um sinesteta?
Estudos recentes realizados pela equipe do Professor de Psicopatologia Desenvolvimental da Universidade de Cambridge, Simon Baron-Cohen, afirmaram que a sinestesia é uma condição transmitida geneticamente.

O que acontece no cérebro dessas pessoas?
As informações captadas através das cores são analisadas no lóbulo temporal cerebral, que é uma área muito próxima à área do cérebro que lida com a forma física dos números; ambas as áreas estão localizadas no giro fusiforme. Acredita-se que uma anormalidade genética faz com que as terminações neurológicas dessas duas áreas se “cruzem”. Tomografias cerebrais realizadas em sinestetas que veem números com cores confirma esse dado. Quando a maioria das pessoas veem números pretos em um fundo branco, somente a área de seu cérebro que lida com números é ativada. No entanto, quando pessoas com sinestesia olham para a mesma imagem, a área de seu cérebro que lida com cores também é ativada.

Existem testes para saber se eu sou um sinesteta?
Existem alguns. Ramachandran, um famoso neurologista, e seu colega Ed Hubbard criaram um teste para identificar sinestetas que enxergam números com cores.

Olhe para esta imagem:




A maioria das pessoas enxerga um monte de números 5. Rapidamente, elas percebem que alguns estão invertidos e são na realidade vários números 2. Um sinesteta, por outro lado, imediatamente enxerga um triângulo formado por números 2, já que 2 e 5 ficam distintos em cores diferentes.

E então? Você faz parte dos 4,4%?
Se você gostou e se interessou pelo assunto, veja este vídeo do TED Talks onde o sinesteta Neil Harbisson conta sobre sua habilidade de “ouvir cores” e como ele usa a tecnologia para expandir e explorar sua percepção.(no recurso “Subtitles”, acione a legenda em português do Brasil). 



Referências
Imagens: 
Composição VIII - Wassily Kandinsky
1923 (140 Kb); Óleo sobre tela, 140 x 201 cm (55 1/8 x 79 1/8 pol); Museu Solomon R. Guggenheim, Nova York  (http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/kandinsky/)


Débora Francisco é tradutora, intérprete, professora de inglês e português. É estudante de Letras e ingressou na Oficina Teatral do grupo A Ordem do Caos em 2014.

28/04/2014

Boyhood - Um filme que levou doze anos para ser produzido teve seu primeiro Trailer divulgado!

Por Jéssica Guedes

Ellar Coltrane no papel de Mason (Foto: Divulgação)
Premiado em Berlim, o filme "Boyhood" que acompanha a vida de um garoto entre seus cinco e dezoito anos teve seu primeiro trailer divulgado.

O diretor e escritor Richard Linklater (da trilogia "Antes do Amanhecer", Antes do pôr-do-sol" e "Antes da meia-noite") reuniu ao longo de 12 anos, três a quatro vezes por ano, o elenco do filme, que teve suas gravações finalizadas agora em 2013.

Entre os atores estão Ellar Coltrane, no papel de Mason (o garotinho que estava com apenas seis anos no início das filmagens), Patricia Arquette e Ethan Hawke interpretando os pais, e Lorelei Linklater (filha do próprio diretor) como Samantha, a irmã de Mason.

O mais interessante deste longa, é perceber as mudanças físicas e emocionais de cada personagem. O fato do diretor ter optado em manter o mesmo elenco ao longo de todos os anos trouxe um grau maior de realismo ao filme.

Com mais de duas horas e meia de duração, "Boyhood" recebeu desde sua primeira exibição, muitos elogios pela crítica no Festival de Sundance, em janeiro. Ele também já foi exibido no festival de Berlim, rendendo um Urso de Prata de melhor Direção e no festival. SXSW.

"Boyhood" deve ter sua estréia nos cinemas americanos em 11 de julho, chegando ao Brasil apenas no final de Outubro.

O Trailer de um pouco mais de um minuto e meio, que acompanha todas as mudanças na vida do garoto,  foi divulgado, e vocês podem ver logo abaixo:



Fantástico! Agora é esperar para que o tempo passe logo e o filme chegue logo aos cinemas!

Já estou louca para assistir. E você?


Créditos: Papel Pop | G1


Jéssica Guedes é Designer, ilustradora e blogueira. Adora as artes, animais e pequenas coisas da vida. É estudante da Oficina Teatral do grupo A Ordem do Caos desde 2014.

25/04/2014

SUB. V – "Cooperativa de conteúdo independente"

Por Caio Felipe Ono


O SUB.V é uma cooperativa criada há menos de um ano, que se designa como uma plataforma de ativismo digital, com o objetivo de disseminar conteúdo independente, mídia livre e livre informação, provendo uma nova forma de repensar o mundo atual através da arte. De acordo com Carlos Dias, fundador do projeto, são bem vindas qualquer forma independente de cultura, seja dança, grafite, música, poesia, documentários, entre outros, focando na critica social. A cooperativa não é restrita a artistas independentes, ela é aberta para todos que buscam ver arte e movimentos livres.  


 Na área artística vemos como é difícil um lugar ao sol, muitas vezes é preciso aprovação de pessoas influentes para se tornar conhecido, não bastando o talento. A SUB.V vê este recurso como algo totalmente manipulador e luta contra o mesmo, pregando a liberdade. Ver o reconhecimento daquele que tem o dom de somar algo de positivo pra sociedade pela arte, sem amarras de interesses, porque interesse é o que ocorre quando há o patrocínio de empresas, apoio de políticos, etc. Em Dezembro, do ano passado, aconteceu um encontro realizado pelo SUB.V, através do facebook, onde grafiteiros se reuniram em Osasco (Grande São Paulo) e foram usados latões, cedidos por um ferro velho, e o espaço cedido pelo “Tatuagem Banana Piercing” para colocar a arte em prática. O objetivo era de promover os grafiteiros e leiloar os tambores, onde os ganhos são revertidos para os próprios grafiteiros.

“Queremos fazer outras edições e chamar mais artistas deste e de outros gêneros, mostrar conteúdo independente de arte, fazendo encontros de talentos artísticos para propagar cultura e reverter ganhos em incentivo para os próprios artistas, é algo muito gratificante, queremos ainda num futuro próximo fazer oficinas como pintura, street dance,etc” - diz Carlos Dias.  No site do SUB.V vemos divulgação de artistas independentes, distribuídos nas sessões como mídia livre, música, artes visuais, arte de rua e outros.


A parte de documentários na aba “cine” do site, é uma das mais procuradas por ter muito conteúdo, contando com vídeos sobre cantores famosos como Bob Marley, The Doors, Raul Seixas entre outros artistas, vídeos de crítica social e temas fortes, como “a legalização da maconha”, “histórias do skate” entre outros. A cooperativa tem uma página no facebook com mais de 300 seguidores e mais de mil visitas diárias em seu site. O SUB.V, como forma de se sustentar, vende bonés, camisetas e outros acessórios, com o logo da cooperativa.  Fica o convite para quem tem um grupo independente de arte, ou é um artista independente e quer divulgar seu trabalho, basta entrar com contato, através do site www.subv.ws .



Agradecimentos a Carlos Dias e Denilson Leite, que estiveram disponíveis para falar sobre o projeto.


Fonte das imagens:


Caio Felipe Ono é estudante da Oficina Teatral do grupo A Ordem do Caos desde 2013, cursa o segundo semestre de Sistemas para Internet na Fatec, é fascinado por cultura, escreve poesias e músicas.

24/04/2014

Hou... o quê???

Por Gregori Guardia




De fato, o teatro é um meio de convergência das artes. Concorda? E ele próprio nos impele e nos “atormenta” a pesquisar e praticar coisas novas, certo?

Pois bem, então vamos direto ao universo e a atmosfera da House Dance!
Hou... o quê???

House Dance é uma das modalidades de danças urbanas, mas diferente do hip-hop, locking, popping e breaking, ela surgiu nos clubs de Chicago (EUA), frequentado em maioria por latinos, negros e gays, em meados dos anos 80. Sim, o estilo que dá o ritmo a Dança House, é sim a House music, aquela que talvez em alguma balada você tenha ouvido falar... Ah, isso é House!

Primeiro surgiu a House music quando Dj’s  de um club em Chicago (EUA), cujo nome era WareHouse, tocavam Disco music, Soul, Funk e R&B. Não satisfeitos começaram a misturar esses estilos com novas batidas oriundas de baterias eletrônicas (samplers). Surgia ai, o embrião da House music que rapidamente se espalhou para outros clubs de Chicago e posteriormente migrou para os clubs de New York City (chegaremos lá). O principal Dj dessa cena, considerado o “pai” da House music era o Dj Frankie Knuckles.

Ah, só lembrando que os frequentadores dos Clubs procuravam nas lojas de discos de Chicago as músicas que tocavam na WareHouse, tipo... “Ah, sabe aquela música que toca na WareHouse, você têm ai?? Não demorou muito e naturalmente abreviaram para “House”.

Os movimentos da House Dance têm origem na salsa e no sapateado americano (tap). Mas no final dos anos 80, as pessoas começaram a se movimentar diferente ao som daquele ritmo, foi então que esse movimento com o tronco executado no contra-tempo da batida, que ficou conhecido como “Jacking” se tornou a essência da dança House.

A Dança House é principalmente uma dança improvisada do que coreografada, que preza mais pela união e diversão, ao invés do virtuosismo e competição, de maneira que não teve apenas um criador, e foi concebida de forma coletiva (olha o teatro ai) na forma mais social mesmo da dança. De qualquer forma, vale ressaltar os nomes de Brian Green e Space Capitol, pela grande contribuição que deram para a consolidação do estilo.

Agora sim chegamos a New York City, quando a House music já dominava não somente as casas frequentadas por negros, latinos e gays como em Chicago, mas também a cena club da cidade de Wall Street. Foi então neste período, final dos anos 80 e começo dos 90, que a dança House ganha o seu terceiro elemento, o Lofting. Movimentos de chão (já conhecidos como footwork no breaking) e acrobacias de dança, com forte influência da Capoeira e do Break Dance, mas com estilo muito próprio da dança House. Podemos dizer que o lofting deu um embelezamento a House Dance.




Vale lembrar aqui alguns nomes importantes da cena da “House Dance” que até hoje representam o estilo no mundo todo.

São eles:  Ejoe Wilson, Brian "Footwork" Green, Tony McGregor, Marjory Smarth, Caleaf Sellers, "Brooklyn" Terry Wright, Shannon Mabra, Tony "Sekou" Williams, Shannon Selby (aka Shan S), Voodoo Ray, Chris Sawyer e muitos outros. Alguns antes deles como Bravo, Karate Kris, Archie Burnett, Manny bem como muitos lofters e pessoas comuns que frequentaram festas como Paradise Garage, Studio 54 e The Loft.

Atualmente existem várias competições de House Dance na Europa, Estados Unidos, Ásia e Brasil, como o “Just Debout” na França, “House Dance International” em Nova Iorque, os renomados “House Dance Forever” e “Summer Dance Forever” em Amsterdã na Holanda e em especial, o Rio H2K no Brasil. Competições essas, nos mesmos moldes de “batalha” como acontece em outros estilos de danças urbanas.

Dos grupos mais respeitados hoje na cena House, destaque para o “Serial Stepperz” da França, “Dance Fusion” de Nova Iorque (um dos mais antigos) e o “Undergroud Vibration” do Brasil, composto por professores ativos da “Casa da Dança Tati Sanchis”, localizado nos bairros de Perdizes e Pompéia em São Paulo.

E pra finalizar, posto aqui pra quem se interessar mais, esse link referente ao texto de composição da música “My House” de Chuck Robert.

Esta declamação gravada em 1988, é considerada o hino da House music e marca a consolidação, como sendo um ritmo legítimo a partir de então.


"My House" Chuck Roberts In the 
Beginning there was Jack


Texto em inglês (é possível aplicar tradução na própria página)

Obs: A tradução pode ficar um pouca confusa, em razão de muitas palavras e termos não terem um tradução adequada para português, mas é possível assimilar a intenção das frases.


Também compartilho com vocês, um vídeo de uma “batalha” de House Dance que aconteceu em 2013 no evento “Cercle Underground” em Paris na França, em que competiram o grupo “Wanted Possed” da França contra o “Made in Brazil”, grupo aqui de São Paulo. Veja em https://www.youtube.com/watch?v=oBFn914Gnl8




Referências:
House Dance: Dança e História: Texto publicado no blog da B.Girl KeysethePrincess - http://keysytheprincess.blogspot.com.br/2010/04/house-dance-danca-e-historia.html
Dança House: Artigo publicado no site Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7a_House
Danças Urbanas: uma história a ser narrada: Pesquisa elaborada por Rose Mary Marques Papolo Colombero, Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar – FEUSP, Julho/2011
http://www.gpef.fe.usp.br/teses/agenda_2011_09.pdf
Tudo sobre House Music: Artigo escrito por Jarrier Modrow no site squidoo.com
http://www.squidoo.com/tudo-sobre-house-music
Dança de Rua – House Dance: Texto publicado no site da Cia de dança Banana Broadway
http://www.bananabroadway.com.br/artigos.asp?id_conteudo=43



Gregori Guardia é ator, está no 7º semestre do curso de comunicação social – habilitação em Rádio e TV e é estudante da Oficina Teatral “A Ordem do Caos” 2014

22/04/2014

Atores do Brasil – Paulo Autran

Por Carine Julia




Paulo Paquet Autran, quando tinha 11 anos escreveu sua primeira peça “Onça da Jamaica”. Com 23 anos, já formado na faculdade de Direito, Autran estava dividido entre a profissão e o teatro amador. Dois anos depois fundou o grupo teatral com Madalena Nicol. Quando estava com 27 anos resolveu entrar para o grupo de teatro experimental de Alfredo Mesquita, no repertório do GTE atua nas peças A mulher do próximo e Pif Paf.

Desde então começou mostrar desempenho e foi visto por Tônia Carreiro que o chamou para atuar em uma peça “Um Deus dorme lá em casa”.

O espetáculo foi um grande sucesso, desde então o ator deixa a advocacia e ingressou em sua carreira artística, que era o que realmente gostava e tinha vocação.

Paulo Autran participou também em televisão e fez sua primeira novela em 1979 “Pai Herói”, apesar de não ser TV o seu veiculo predileto, atuou em outras novela entre as quais “Guerra do Sexo”, “Um só coração”. Na década de 90 trabalhou em cinema mas, como sempre atuava no teatro, tinha os palcos como predileção.


Eu trabalhava como vendedora no Shopping Iguatemi, e tive o privilégio em conhecer de perto este ator tão talentoso. É uma pena que ele se foi, mas tenho certeza que está atuando onde estiver...



Referências e imagem:
http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/atores-do-brasil/biografia-de-paulo-autran/
http://www.pauloautran.com.br/paulo-autran.php
gazetadopovo.com.br

Carine Julia tem 36 anos. O teatro pra ela esta sendo um meio de conhecer a sim mesma e foi um sonho que sempre quis, mais por assuntos pessoais, não podia realizar. Agora sim é o momento certo e com isso pretende dedicar ao máximo de si. Estudante da oficina teatral A Ordem do Caos 2014.

21/04/2014

Senna - 20 anos de Saudade

Por Armando Ribeiro



Para muitos, o dia 1º de Maio não significa somente o feriado do dia do trabalho, mas também, representa uma data bastante triste. Há exatos 20 anos, o Brasil e o mundo perdiam Ayrton Senna em um trágico acidente na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino na curva Tamburello.

A imagem vitoriosa deste grande herói nacional é lembrada não só no Brasil, mas em várias partes do mundo. Senna ficou famoso por sua dedicação e perseverança no que fazia.

Ayrton Senna da Silva nasceu em 21 de Março de 1960 na cidade de São Paulo. Desde criança Senna já demonstrava interesse pela velocidade. Senna estreou na Fórmula 1 em 1984, passou por quatro equipes na categoria (Toleman, Lotus, McLaren e Williams) e ganhou 3 títulos mundiais em seus 10 anos de carreira (1988, 1990 e 1991, todos pela McLaren) e foi o piloto brasileiro que mais venceu corridas (41).

A morte de Ayrton Senna foi uma comoção mundial. No funeral recebeu as honras que são prestadas somente a chefes de Estado e o Governo Federal decretou três dias de luto oficial no país, uma demonstração de carinho e devoção que o povo brasileiro tem pelo piloto e uma forma de agradecimento pelas alegrias que ele trazia aos brasileiros com suas vitórias.

Os maiores legados do piloto foram as melhorias na segurança dos carros e autódromos da Fórmula 1, que desde o acidente de Ayrton, nunca mais houve mortes em decorrência de acidentes, e o Instituto Ayrton Senna que, comandado por sua irmã Viviane, ajuda milhares de crianças carentes pelo Brasil. Infelizmente Senna não viveu tempo suficiente para ver o Instituto ser criado, mas o brasileiro já havia pensado na criação da instituição para ajudar as crianças, já que fazia anonimamente doações para instituições de caridade.

Nesses vinte anos que Ayrton Senna se foi, a memória desse grande campeão continua mais viva do que nunca em todos os brasileiros de todas as idades. Senna será sempre lembrado por sua garra nas pistas, por sua determinação em ser o melhor e pelo seu exemplo e humildade e humanidade que passou a todos nós.

Obrigado Ayrton Senna da Silva, obrigado Ayrton Senna do Brasil!



"Se você quer ser bem sucedido tem que ter dedicação total, buscar o seu último limite e dar o melhor de si mesmo." 
Ayrton Senna


Armando Ribeiro é estudante da oficina A Ordem do Caos 2014.

19/04/2014

“Vem para o Sarau na Praça!”

Por Jessika Martins


“O M.A.P. pra mim é um espaço de criação com liberdade, 
de exposição de fragmentos da alma e do coração, de resto é uma 
reunião secreta que a senha é sorrir.” 


                - Rafael Carnevalli (um dos organizadores do M.A. P) -




Movimento Aliança da Praça -
M.A.P (Sarau 19/01/2014)”
Há quem diga que a arte só existe em museus, teatros, espetáculos, e exposições. Há quem diga que é difícil ver arte em qualquer lugar, que precisamos procurar e ir atrás para encontrar. Mas imagina só que legal, você estar passeando num domingo e de repente ouvir poesia saindo de uma praça? Com certeza essa vai te chamar a atenção. Ora, então deixe de imaginar e vai viver essa emoção!


“Por conta da chuva, a ocupação
aconteceu na estação ão Miguel Pta.
(Sarau 16/02/2014)”
O M.A.P. (Movimento Aliança da Praça) é um projeto bem legal, que tem como propósito unir toda a diversidade e expressão artística (poesia, música, teatro, dança, troca de livros, etc.) em um só lugar: “a Praça”, ou melhor, no Sarau da Praça. Realizado na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, mais conhecida com “Praça do Forró” (em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo), o Sarau acontece todo mês e une toda essa arte, trazida não só pelos organizadores mas também pelos participantes e convidados do Sarau, que vêm da Zona Leste, outros Saraus e coletivos e demais regiões. E já que estamos falando de convidados, venho também fazer um convite para todos vocês:

“O M.A.P. e o Sarau na Praça estão completando um ano de arte, vida e momentos maravilhosos, então o Sarau desse mês será de comemoração e muito mais arte! Acontecerá no dia 27 de abril (domingo) a partir das 15h e, além da troca de livros, palco aberto, poesia e música, terão vários convidados de diversas regiões e coletivos para rechear ainda mais esta tarde, de um domingo tão especial. Alguns dos convidados: Poetas Ambulantes, Emerson Alcalde (Slam da Guilhermina), Ni Brisant (Sobrenome Liberdade), Lika Rosa, Victor Rodrigues (Praga de Poeta) e muito mais!”

Sarau "O Que Dizem os Umbigos?"
no M.A.P (Sarau  16/03/2014)

E aí, vamos curtir o Sarau na Praça? 
Traga sua arte e participe também!

Dia 27 de abril de 2014, a partir das 15h na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra – “Praça do Forró” –, em frente à estação São Miguel Paulista (Zona Leste).








“Jessika Martins está no 1º ano de Psicologia e é estudante da Oficina teatral A Ordem do Caos de desde 2013.”

18/04/2014

"Teatro Cego" - O que você enxerga quando não vê?


Por Ana Luísa Marcos



Já pensou em ir a uma peça de teatro totalmente no escuro? Esta é a grande proposta do Teatro Cego. O grupo, formado em 2012, conta com seis atores sendo três deles cegos, e com um conjunto de músicos. Juntos eles criam espetáculos únicos e repletos de experiências inusitadas. Esqueça a forma convencional de cadeiras numeradas e plateia apenas observando; no Teatro Cego, público, atores e músicos compartilham do mesmo palco. Somos convidados a realmente ‘sentir’ o espetáculo nos utilizando todos os nossos sentidos, exceto a visão.

Integrantes do Teatro Cego

Os atores passam todo o espetáculo circulando pelos corredores do teatro, interagindo no meio do público, emitindo sons de vários lugares distintos, tudo com direito à música ao vivo e luzes totalmente apagadas. É importante ressaltar que não se trata de um espetáculo destinado apenas para pessoa com deficiência visual, é exatamente o contrário. A grande mágica deste tipo de peça é que atores cegos tem a chance de interpretar personagens não cegos, e nós de enxergarmos as coisas por outro ângulo, mergulhando no mundo dos deficientes visuais. As peças do grupo demonstram a possibilidade criar um excelente espetáculo sem fazer uso de cenário, figurino, nem refletores, e ainda nos fazem perceber que o mundo das artes vai bem mais além daquilo que os olhos podem ver.

Esse formato de encenação teve início na Argentina, em 1991, e foi um experimento que deu certo! O Teatro Cego, que no ano passado fez curta temporada em São Paulo com o texto “O Grande Viúvo”, de Nelson Rodrigues fez tanto sucesso que está de volta no final de abril, com novo espetáculo! Desta vez o grupo vem com o musical “Acorda Amor”, inspirado na obra de Chico Buarque e com entrada franca. Confira um pouco mais sobre a história:

O espetáculo conta a história de quatro jovens durante o movimento estudantil que lutou contra a ditadura militar nos anos 70. Três rapazes e uma garota envolvidos com a guerrilha estudantil lutam, na verdade por muito mais que o fim da ditadura. Enquanto tentam driblar os militares, na função de mensageiros do movimento, Paulo, Lucas e Cesar lutam pelo amor de Natasha. A garota, namorada de Paulo, encobre seu atual desinteresse pelo namorado com a desculpa de que o bem do país é muito mais importante, no momento, do que o bem estar do casal. O amadurecimento das relações entre esses quatro jovens ao mesmo tempo em que aprendem a lidar com a situação do seu país é o que move toda a trama.

As apresentações ocorrerão no Itaú Cultural de 30 de abril a 04 de maio, você encontra mais informações na página Teatro Cego, no Facebook.


Agora experimente um pouco do que é o Teatro Cego:





Fonte da imagem: Integrantes do Teatro Cego


Ana Luísa Marcos é estudante da Oficina de Teatro, realizada pelo grupo “A Ordem do Caos”, desde 2013.

16/04/2014

E agora? Criação Coletiva ou Processo Colaborativo?

Por Aline Pereira



Foto Guto Muniz
Um Trem Chamado Desejo  – Grupo Galpão


Início de oficina, cabeça borbulhando de ideias e, ao fim dos primeiros meses vem a pergunta “O que vamos montar?”. E aí começa um turbilhão de cenas, experimentações e projetos... como termina? Xiii... essa é a questão! Com base nisso e aproveitando que ainda estamos no início de nossa oficina, escolhi um texto de Adélia Nicolete para refletirmos um pouco sobre a criação coletiva e o processo colaborativo, tão famosos nas montagens do final de ano. 

Adélia Nicolete contextualiza esses processos de trabalho e aborda suas principais diferenças. Além disso, ela também cria uma discussão acerca da função do ator e do dramaturgo nesses processos de criação de espetáculos.  

Segundo Nicolete, tanto a criação coletiva quanto o processo colaborativo correspondem a uma investigação coletiva, no entanto, a primeira propõe a interferência do grupo em todas as áreas da montagem, desde a produção de textos até a direção, passando pelo figurino, sonoplastia, cenografia, dentre outras, o que muitas vezes leva a peças longas, prolixas, com aparência caótica e suja. Tenho certeza de que todos, um dia, se ainda não se depararam vão se deparar com peças desse tipo.  

Já no processo colaborativo, desde o início, as funções são divididas e cada um, respeitando as suas responsabilidades, tem como papel principal selecionar e organizar as ideias de todos com vistas à qualidade do produto final. 

Em ambos os processos, é importante que se tenha a consciência de que nem tudo o que for sugerido será incluído no trabalho, por isso os participantes do grupo, sejam eles atores ou dramaturgos, devem ter um desprendimento muito grande em relação aos seus anseios, suas ideias e sugestões. E eis que é aí que se encontra uma das maiores dificuldades dos grupos que optam por esse tipo de processo: os cortes. 

Assim, tanto a criação coletiva quanto o processo colaborativo quase sempre são um desafio para os grupos de teatro, principalmente para os mais inexperientes, que acabam montando trabalhos de pouca qualidade devido à priorização dos desejos de cada um em detrimento da unidade e do objetivo do espetáculo. 

Mas relaxem, pois atualmente existem muitos grupos que se utilizam desses processos de criação e as pesquisas nessa área aumentam cada vez mais, tem muita coisa boa por aí! Cito aqui dois exemplos que valem a pena serem destacados, o trabalho do Antônio Araújo e o Teatro da Vertigem, de Luís Alberto de Abreu e do Grupo Galpão.

Se você se interessou e quiser conferir (vale muito a pena) o texto completo de Adélia Nicolete, segue o link: Criação coletiva e processo colaborativo: algumas semelhanças e diferenças no trabalho dramatúrgico


Foto Pedro Motta
O Livro de Jó – Teatro da Vertigem
Atores Sergio Siviero e Vanderlei Bernardino






Referências:
Criação coletiva e processo colaborativo: algumas semelhanças e diferenças no trabalho dramatúrgico.  Texto de Adélia Nicolete publicado na revista Sala Preta, versão 2, ano 2002.
Imagem O Livro de Jó retirada de http://www.teatrodavertigem.com.br/site/index2.php
Imagem Um Trem Chamado Desejo retirada de http://www.nandaroverecultural.blogger.com.br/


Aline Pereira é atriz, formada em Comunicação pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e, pós-graduada em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. 

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