Por Marcel Avolio
Graficamente,
videogames têm evoluído desde o fim dos anos 80. O foco na criação de gráficos
realistas se tornou cada vez mais importante para as desenvolvedoras manterem
uma vantagem competitiva e atenderem às demandas dos jogadores. Mas gráficos
realmente são a única coisa que importa em videogames? Alguns dizem que sim,
outros que não. Em geral, a “jogabilidade” costuma ser considerada o mais
importante, uma vez que uma experiência divertida é criada por uma jogabilidade
envolvente.
Porém,
há quem argumente que uma experiência que permanece com o jogador, mesmo após
os créditos finais, provém de uma história bem contada. Jogos realmente
envolventes permanecem com você por conta de elementos da história que o fizeram
sorrir, rir, chorar ou até mesmo mudar sua percepção de jogos em geral. Similar
à sensação daquele livro do qual você não conseguiu desgrudar ou aquele filme
que marcou sua vida, afinal, quem nunca terminou um desses e sentiu-se triste
por chegar ao fim da história ou por começar a sentir falta das personagens. Com
o aumento de jogos criados por desenvolvedoras independentes, os chamados jogos
“indie”, esse foco em história e narrativa também tem se tornado mais
proeminente, umas vez que as pequenas desenvolvedoras não têm acesso aos
recursos mais avançados. Por outro lado, há franquias que têm contado grandes
histórias há décadas; grandes exemplos seriam Final Fantasy e The Legend of
Zelda. Ken Levine, o criador e principal roteirista de Bioshock e Bioshock
Infinite, criou histórias que rivalizam grandes romances e filmes.
“Cena de Final Fantasy 7, lançado em 1997 pela então Squaresoft” |
Com
o passar do tempo, tem ficado cada vez mais nítida a influência de Hollywood na
criação de jogos; assim como filmes, também há os chamados jogos “blockbuster”,
com histórias simples, foco em ação, animação e efeitos especiais e que podem
ser concluídos em um final de semana. Por outro lado, há aqueles jogos os quais
você pode levar meses para terminar tudo o que oferecem; com uma história
profunda e personagens carismáticos, esses normalmente se enquadram na
categoria de RPG (Role Playing Game).
Contudo,
isso não é tão fácil quanto parece; como manter esse equilíbrio entre narrativa
e jogabilidade? O que diferencia um jogo
de um filme de cinema, por exemplo, é que o jogador tem controle sobre as ações
dos personagens contidos na trama. Inclusive, há muitos jogos com reviravoltas
e desfechos diferentes com base nas escolhas feitas durante o jogo. Um exemplo
seria a trilogia Mass Effect, da Bioware, onde você escolhe desde a aparência e
as falas do protagonista até decisões que afetam a trama da trilogia inteira.
“Mass Effect e sua escolha de diálogos” |
Por
isso, é importante que o foco na narrativa não tire muito o controle do jogador;
mesmo os mais aficionados irão começar a sentir certa monotonia, já que não é
isso o que buscavam ao comprar um jogo; se quisessem somente assistir a uma
história, teriam ido atrás de filmes ou séries.
É
claro, no fim das contas, é tudo uma questão de público alvo, afinal, há vários
tipos de jogadores. Há aqueles que só querem algo para passar o tempo sem terem
que pensar muito, enquanto há outros que nem sequer se interessam por jogos se
não tiverem algum tipo de enredo por trás. Mas uma coisa é certa: as
desenvolvedoras estão cientes de que uma boa narrativa faz grande diferença e,
com o aumento das tecnologias, espera-se que as formas de narrativa progridam
junto, para que os jogos possam atingir todo o seu potencial.
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