Por Ingrid Pierazzo
“Sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar. Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu.”
“Sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar. Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu.”
O eu profundo e os outros
eus – Fernando Pessoa
A profundeza de um céu e de um mar. Há o que pensar!
Fernando pessoa sempre conseguiu expressar o que vê de
concreto em letras. É por isso que me vislumbro com ele e seus heterônimos.
Mesmo com Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares, que
eram escritores criados ele ainda conseguia trazer isso para realidade como
algo seu. Embora cada um deles seja uma
parte sua nunca consegui achar tal concretude em pessoas criadas. Por isso é considerado um dos maiores ícones
da língua portuguesa.
A vivacidade de cada um é impressionante. Vivacidade no
sentido de dar vida, como os constrói, pois alguns deles não eram muito de bem
com a vida, para viver intensamente o sentido de alegria da vivacidade.
Particularmente, neste trecho de sua obra vejo um Pessoa. O
vejo como um mestre por conseguir escrever uma obra inteira à sua maneira de
pensar e verificar as coisas do seu mundo, paralelo ou não. A linha não tênue
entre pensar e sentir é que é desbravadora. A solidez e com que empunhava sobre
o papel o faz digno de admiração.
Ele transborda perto de dois mundos, comumente, citados por
outros escritores, ora só pelo âmbito da realidade, ora só pelo sentimento. Por
outros autores fica nítida a, proposital, separação entre estas duas vertentes.
Pensar não é, necessariamente, algo ligado ao sentir. Nem
mesmo o sentir está ligado, diretamente, ao pensamento, mas com Fernando Pessoa
fica nítida a junção feliz do pensar e sentir.
Ingrid Pierazzo, 20 anos, e estudante de design, é apaixonada pelas artes e por todas as formas que a represente e escreve quinzenalmente, toda segunda-feira, para o blog AODC Noticias.
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