Por Carol Zanola
Começar a nossa conversa
fazendo uma analogia a um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira só pode
dar em coisa boa. O grande Nelson Rodrigues, sempre questionou a sociedade,
pois mostrou em suas obras às tragédias cotidianas, os pecados e o nossos
desejos mais profundos e secretos. Algumas de suas peças chegaram a ser
censuradas e o autor foi chamado por alguns de imoral e pornográfico, mas
também um gênio. E se alto intitulou como “O anjo pornográfico”. Os textos de Nelson
exploram com ninguém a principal mídia do ator, o seu próprio corpo.
O retrato de Rose, feito por James Cameron, no filme o Titanic. |
A palavra mídia foi criada a partir do
“aportuguesamento” do inglês "media", para definir a função, o
profissional ou o ato de planejar, desenvolver, pensar e praticar mídia, nos
meios de comunicação. A primeira mídia que utilizamos é o nosso próprio corpo, o
chamamos de mídia primária. Quando duas pessoas se encontram existe uma intensa
troca de informação, e, portanto um intenso processo de comunicação por meio de
inúmeros vínculos, relações, conexões e linguagens.
O nosso corpo é de uma riqueza
comunicativa incalculável, pois ele nos denuncia/alerta em muitos momentos do
nosso dia, seja pela mudança de temperatura, pelas letras doces de uma canção
ou em momentos mais íntimos.
Para o ator, o corpo é o
principal instrumento de trabalho, pois é com o próprio que o mesmo vai aguçar
outros corpos e demonstrar tudo o que o seu personagem está sentido e
vivenciando. Muitas vezes pela arte, pelo personagem, pela cena, o ator deve
subir no palco e vestir uma pele que bate de frente com a tal “moral e os bons
costumes”, a nudez.
Despir-se é quebrar um tabu que
a sociedade nos impõe e nos “mostra” o que é certo, mesmo que seja para uma
parcela da população. O que é imoral e vai contra o que o ser deveria acreditar
é que ações desse tipo sejam ainda uma notícia e até um tema para a sociedade
da informação, ou seja, mostrar o seu corpo ainda é uma notícia. E me pergunto por
que todo esse julgamento? Você veio ao mundo como? Toma banho como?
Não se esqueça nunca, o seu
corpo é todo seu!
Trecho da música
“Corpo de Lama” - Cássia Eller
“Este
corpo de lama que tu vê
É
apenas a imagem que sou”
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