26/11/2013

Funk, pagode, axé e o preconceito de classe

Por Rafael Frade

É notória a fama que certos estilos musicais ganham e como essa fama se cristaliza no senso comum. Dentre outros, funk, pagode e axé são conhecidos por serem estilos musicais de baixa qualidade e adorados por pessoas de baixo nível cultural. Não que essa seja uma crença absoluta e geral, mas não é difícil ouvir comentários semelhantes.

Obviamente, esse comentário não vem de quem aprecia esse tipo de música, mas de amantes de gêneros ditos mais elevados, como o rock. O curioso é que a característica comum desses estilos musicais são os grupos sociais que os consomem. São, em geral, estilos comuns em grupos de baixo nível de renda.

Um autor que nos ajuda a compreender esse cenário é Pierre Bourdieu. Para Bourdieu, no espaço social os grupos seriam hierarquizados pela quantidade de capital econômico e capital cultural que possuíssem, sendo o capital cultural o conjunto de saberes acumulados e práticas culturais exercidas pelos indivíduos que são valorizados socialmente, como diplomas, gosto por formas culturais consideradas elevadas, entre outros. Assim, grupos com maior quantidade de capital estariam em uma posição maior no espaço social. Um dos pontos cruciais da teoria de Bourdieu é que quanto maior a posição no espaço social, maior a força do grupo para impor sua cultura como legítima e superior e recriminar as formas de expressão cultural de grupos com menos capital.

Criticam o funk por não respeitar a mulher ou ter várias músicas com conotação sexual. Mas são várias as músicas machistas e homofóbicas de outros estilos musicais como o próprio rock ou mpb. A diferença está no grupo social que consome os diferentes estilos de música e tem poder para impor sua cultura como superior e legítima.

Para finalizar, cabe ressaltar, quem confere direito a alguém de definir o que é bom ou ruim para os demais?



Referência:http://odeio-funkcarioca.blogspot.com.br/2012/07/funk-o-lixo-da-cultura-brasileira.html

Rafael Frade é estudante de geografia e ator do grupo teatral A Ordem do Caos

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