Por Tallison Oliveira
Dorme ruazinha… É tudo escuro…
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos…
Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso perseguí-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…
O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…
Dorme, ruazinha… Não há nada…
Só os meus passos… Mas tão leves são,
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…
(Mário Quintana)
Este poema é emoção pura... Mário Quintana consegue passar sensibilidade para uma simples rua onde pisamos todos os dias e que, para muitos, não é nada. Porém, ele a chama carinhosamente de "ruazinha" e a coloca para dormir como se fosse um bebê.
Só este senso de emoção e sensibilidade de um grande escritor como Quintana para retratar uma coisa que, aparentemente, é tão insignificante mas, visto com um olhar mais profundo, nos faz observar o mundo com mais atenção, detalhe por detalhe.
Legal tallison você ter trazido um poema do mário quintana pro blog. É bem interessante o modo como ele consegue pintar uma rua num poema.
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