15/03/2012

Trampe Menos e Viva Mais!


Por Helerson Oliveira*

Antes de comentar a foto, preciso me apresentar. Sou Helerson Oliveira, fotógrafo de alma. Utilizarei o mesmo termo “de alma”, para a minha definição. Ouvi o “de alma” no último domingo, dia 11/03/12, no primeiro dia da edição 2012 da Oficina de Teatro do grupo A Ordem do Caos, onde o diretor Wellington Dias mencionou que todos nos somos atores “de alma” e esperava isso dos inscritos. 

Temos o ato da representatividade desde infância com o lúdico. E devemos sempre resgatar tudo isso em nossa essência. Sou fotógrafo “de alma” porque o desejo e o olhar vieram muito antes dos equipamentos, sempre andei devagar observando e decorando cada detalhe da arquitetura, as pessoas e cada comportamento, buscando sempre a compreensão daquelas mudanças e atitudes. Somente no final da adolescência (isso já tem uns dez anos), todo aquele desejo fez sentido e também me deu sentido de viver. Então, veio a necessidade de documentar tudo que observava não só na minha mente. Foi aí que a máquina fotográfica, independente do modelo, método de captação ou recursos, tornou-se uma extensão de mim.

Arte de Rua 
Acredito que foi preponderante para a evolução humana o ato de “documentar”, registrar os próprios feitos impondo sua característica e emitindo sua opinião. Deixa-se, assim, um legado para os próximos que virão ou para que os contemporâneos possam ter ciência do ocorre hoje. Desde as pinturas rupestres, nossos antepassados registram os fatos. A arte de rua sempre me chamou muita atenção. Está em nosso DNA, instintivamente é o mesmo desejo dos antepassados, e o mais impressionante é que não são muitas pessoas que conseguem “ler” estas mensagens ou “codificá-las” e extrair a verdadeira mensagem e o conhecimento contido nelas. Fotografo extraindo imagens do contexto “poluído” e caótico, colocando uma lupa sobre aquela intervenção, abrindo espaço para o conhecimento, discussão e reflexão.

Não cabe a mim qualquer tipo de apologia sobre o tema, pois tanto faz um grafite, pichação, colagem ou até um simples adesivo, sem autorização do proprietário, a arte de rua que infringe leis sempre será crime contra o patrimônio privado ou público.Mas o fato é que elas existem. E estão aí nos “provocando”. Cabe a mim, documentá-las e expô-las para a discussão.

Vamos ao comentário: A priori, podemos pensar que uma mensagem que nos diga “Trabalhe menos, viva mais seja anárquica. Contrapõe o sentido “natural” que somos educados desde sempre a ter sobre o trabalho. É quase ofensa questionarmos isso. Quem questiona, de certa forma, esta à margem da sociedade, da grande massa dita e considerada “normal”. 
Particularmente, vejo com outra ótica, não anárquica ou com alguma expressão de fazer ode ao ócio, mas sim, observo isso como uma nova idéia que podemos ter. Quantas pessoas você conhece que praticamente estão adoecendo de tanto trabalhar? Quantas pessoas você conhece que trabalham para poder proporcionar uma boa educação para os filhos, mas ficam sem tempo de educá-los, ou simplesmente sem energia para acompanhá-los, deixando a responsabilidade para a escola ou pessoas que não tem preparo algum de educar alguém? Isso forma um ciclo vicioso que transformará mais uma geração. Considero no mínimo contraditórias estas atitudes. Em minhas reflexões e análises, graças à literatura, considero sempre a questão da universalidade. O mesmo problema vivido aqui, pode ser vivido também por qualquer ser humano do planeta. Porém, sou latino, brasileiro, e com isso temos as nossas próprias questões. Regiões como a Europa e países como os Estados Unidos trabalham com jornada de trabalho de 40 horas semanais já há algum tempo. Ambientes opressores ou condições insalubres ainda são realidade, e também ainda nem conseguimos formar profissionais qualificados e capazes de suprir postos de trabalho.

LUTE pela educação, escolha seu candidato político com base nisso. Se achar importante, escolha seu deputado estadual que avance com a proposta de redução da jornada de trabalho. Cobre dele, mande e-mail, use as Redes Sociais a seu favor, em prol de algo maior. Faça parte da mudança. Entre para a história, seja a própria mudança. 

Helerson Oliveira é fotógrafo e colabora semanalmente com o AODC Notícias. As imagens aqui publicadas em seus posts são de sua autoria.

Um comentário:

  1. Adorei o texto, especialmente a parte a concepção de fotografia usada, "lupa em meio ao caos".

    Quanto a fotografia também gostaria de comentar. Concordo plenamente com a imagem, trabalhe menos, viva mais. O maior argumento para isso, é o fato de o nosso trabalho ser voltado à produção de lucro e não apenas à manutenção das condições de vida. Estava até lendo um texto do Carlos Walter Porto Gonçalves, "Reflexões sobre geografia e educação" que fala exatamente sobre isso. Recomendo.

    Adorei mais ainda o convite à luta, à transformação. Só discordo do método, acho válido a escolha de um candidato e sua cobrança, mas não estou certo em seu efeito. Basta ver que a aprovação de projetos na assembléia de deputados é baseada em interesses políticos e não em interesses da população. Sou mais a favor da participação em movimentos sociais.

    Enfim, parabéns.

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