Por Helerson Oliveira*
Antes de comentar a foto, preciso me apresentar. Sou Helerson
Oliveira, fotógrafo de alma. Utilizarei o mesmo termo “de alma”, para a minha
definição. Ouvi o “de alma” no último domingo, dia 11/03/12, no primeiro dia da
edição 2012 da Oficina de Teatro do grupo A Ordem do Caos, onde o diretor Wellington Dias mencionou que todos nos somos atores “de alma” e esperava isso dos inscritos.
Temos o ato da representatividade desde infância com o lúdico.
E devemos sempre resgatar tudo isso em nossa essência. Sou fotógrafo “de alma”
porque o desejo e o olhar vieram muito antes dos equipamentos, sempre andei
devagar observando e decorando cada detalhe da arquitetura, as pessoas e cada
comportamento, buscando sempre a compreensão daquelas mudanças e atitudes. Somente
no final da adolescência (isso já tem uns dez anos), todo aquele desejo fez
sentido e também me deu sentido de viver. Então, veio a necessidade de documentar tudo
que observava não só na minha mente. Foi aí que a máquina fotográfica, independente
do modelo, método de captação ou recursos, tornou-se uma extensão de mim.
Arte de Rua
Acredito que foi preponderante para a evolução
humana o ato de “documentar”, registrar os próprios feitos impondo sua
característica e emitindo sua opinião. Deixa-se, assim, um legado para os próximos que
virão ou para que os contemporâneos possam ter ciência do ocorre hoje. Desde as
pinturas rupestres, nossos antepassados registram os fatos. A arte de rua
sempre me chamou muita atenção. Está em nosso DNA, instintivamente é o mesmo
desejo dos antepassados, e o mais impressionante é que não são muitas pessoas
que conseguem “ler” estas mensagens ou “codificá-las” e extrair a verdadeira
mensagem e o conhecimento contido nelas. Fotografo extraindo imagens do contexto
“poluído” e caótico, colocando uma lupa sobre aquela intervenção, abrindo
espaço para o conhecimento, discussão e reflexão.
Não cabe a mim qualquer tipo de apologia sobre o tema, pois tanto faz um grafite, pichação, colagem ou até um simples adesivo, sem
autorização do proprietário, a arte de rua que infringe leis sempre será crime contra o patrimônio privado ou público.Mas o fato é que elas existem. E estão aí
nos “provocando”. Cabe a mim, documentá-las e expô-las para a discussão.
Vamos ao comentário: A priori, podemos pensar que uma
mensagem que nos diga “Trabalhe menos, viva mais” seja anárquica. Contrapõe o
sentido “natural” que somos educados desde sempre a ter sobre o trabalho. É
quase ofensa questionarmos isso. Quem questiona, de certa forma, esta à margem
da sociedade, da grande massa dita e considerada “normal”.
Particularmente, vejo com outra
ótica, não anárquica ou com alguma expressão de fazer ode ao ócio, mas sim, observo isso como uma nova
idéia que podemos ter. Quantas pessoas você conhece que praticamente estão
adoecendo de tanto trabalhar? Quantas pessoas você conhece que trabalham para
poder proporcionar uma boa educação para os filhos, mas ficam sem tempo de
educá-los, ou simplesmente sem energia para acompanhá-los, deixando a
responsabilidade para a escola ou pessoas que não tem preparo algum de educar
alguém? Isso forma um ciclo vicioso que transformará mais uma geração. Considero
no mínimo contraditórias estas atitudes. Em minhas reflexões e análises, graças à literatura, considero sempre a questão da universalidade. O mesmo problema
vivido aqui, pode ser vivido também por qualquer ser humano do planeta. Porém, sou latino, brasileiro, e com isso temos as nossas próprias questões. Regiões
como a Europa e países como os Estados Unidos trabalham com jornada de trabalho
de 40 horas semanais já há algum tempo. Ambientes opressores ou condições
insalubres ainda são realidade, e também ainda nem conseguimos formar
profissionais qualificados e capazes de suprir postos de trabalho.
LUTE pela educação, escolha seu candidato político com base
nisso. Se achar importante, escolha seu deputado estadual que avance com a
proposta de redução da jornada de trabalho. Cobre dele, mande e-mail, use as
Redes Sociais a seu favor, em prol de algo maior. Faça parte da mudança. Entre
para a história, seja a própria mudança.
Helerson Oliveira é fotógrafo e colabora semanalmente com o AODC Notícias. As imagens aqui publicadas em seus posts são de sua autoria.
Adorei o texto, especialmente a parte a concepção de fotografia usada, "lupa em meio ao caos".
ResponderExcluirQuanto a fotografia também gostaria de comentar. Concordo plenamente com a imagem, trabalhe menos, viva mais. O maior argumento para isso, é o fato de o nosso trabalho ser voltado à produção de lucro e não apenas à manutenção das condições de vida. Estava até lendo um texto do Carlos Walter Porto Gonçalves, "Reflexões sobre geografia e educação" que fala exatamente sobre isso. Recomendo.
Adorei mais ainda o convite à luta, à transformação. Só discordo do método, acho válido a escolha de um candidato e sua cobrança, mas não estou certo em seu efeito. Basta ver que a aprovação de projetos na assembléia de deputados é baseada em interesses políticos e não em interesses da população. Sou mais a favor da participação em movimentos sociais.
Enfim, parabéns.