03/10/2012

O Vergonhoso Monday Night Football

Por Alberto Iszlaji

No último dia 24 de setembro, durante o Monday Night Football (MNF), o jogo entre Green Bay Packers e Seatle Seahawks teve uma das maiores controvérsias dos últimos anos na NFL (National Football League). Em seu minuto final, um passe feito pelo Quarterback (QB) do Seahawks Russell, Wilson, lançou a bola para a endzone e seis jogadores a disputaram; num primeiro momento, os juízes marcaram touchdown (TD) para os Seahawks. Porém, como todo TD é revisado, ficou a expectativa para tentar entender melhor o lance. Com isso, a transmissão da TV passava a repetição desse instante de vários ângulos, deixando claro que não foi TD, e sim uma interceptação do defensor dos Packers (interceptação é quando o jogador do time defensivo toma a bola, no caso, como foi dentro da endzone, seria marcado touchback para o Packers). Mas quando os árbitros voltaram da revisão, ao invés de marcarem a interceptação, deram TD para o Seahawks e, portanto, a vitória foi deste time, por 14 a 12.

Se assistirmos às imagens, além de não ter sido TD, houve uma falta para os Packers, pois um dos defensores que disputava a bola foi empurrado pelo Golden Tate jogador do Seahawks. Na regra da NFL isso é interferência. Assim, a jogada deveria ter acabado ali, já que, sendo falta, não é passível de revisão. Dessa forma, não há como voltar atrás.

Essa confusão toda se instaurou desde o início da temporada, quando os juízes oficiais da NFL estavam em greve e, no lugar deles, estavam árbitros reservas. Esses homens trabalhavam em ligas menores, muitos deles na segunda divisão do College Football, que é o futebol americano universitário. Logo, não têm experiência para trabalhar na NFL, já que a pressão em cada jogo é muito grande. Nas palavras de Paulo Antunes, comentarista da NFL na ESPN, “cada jogo é um mini superbowll”, e a confusão que eles fizeram na segunda-feira passada só evidenciou uma reclamação antiga: eles não estão preparados para essa função. Até então, presenciamos vários erros cometidos por eles, entretanto nenhum havia influenciado o resultado final da partida como ocorreu com o Packers e o Seahawks.
Ao longo da semana observou-se uma pressão enorme nas rede sociais, nas rádios e TVs para que os organizadores da NFL resolvessem o impasse e retornassem com os árbitros oficiais. Na manhã da última quinta-feira, isso resultou no fim da greve. Mesmo com esse retorno tardio dos árbitros, ou “zebras”, no jargão dos fãs de NFL, a imagem da liga ficou manchada, pois sempre foi um dos “slogans” da NFL ser uma das mais íntegras, na qual os resultados eram justos. Para se ter uma ideia, este foi um dos primeiros esportes a utilizar o replay como forma de rever jogadas e até mesmo voltar atrás em uma marcação duvidosa.

Como puderam permitir que uma liga que lucra tanto por ano com produtos, direitos de transmissão na TV, propagandas, tivesse uma greve por aumento salarial que manchasse a sua imagem no mundo? Aficcionados pelo Green Bay Packers ficaram revoltados e a repercussão foi enorme. Agora, fica a pergunta: será que as zebras oficiais poderão recuperar a confiança de que os resultados dos jogos são, de fato, justos? Esperamos que sim, pois uma liga tão interessante, tão estratégica, que arrasta fãs no mundo todo, não pode perder esse brilho. Finalmente pagaram as zebras.


Alberto Iszlaji é historiador e professor. Atualmente está mestrando em Comunicação na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, com uma pesquisa sobre a Comunidade Alemã no Estado de São Paulo. Além disso, é baterista, ama rock e colabora com o AODC Notícias todas as quartas-feiras.

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