Por Tamires Santana
A Trilha da Memória resgata a história da região. Sobretudo, mantém viva a lembrança que envolveu a instalação, desenvolvimento e fechamento da primeira fábrica de cimento que deu certo no país: a Fábrica de Cimento Portland Perus. A trilha (re)descobre um pequeno túnel utilizado na época pelos trabalhadores e suas famílias para irem à escola, fórum, etc. Chega-se às primeiras instalações abandonadas e que faz parte do contexto do funcionamento da fábrica; a casa dos administradores, dando vazão ao pátio e ao restaurante, até que se conhece as instalações onde trilhos e máquinas trabalharam incessantemente a céu aberto. Ferro, rochas, cimento, vagões abandonados, entradas sinistras, buracos, escadas de ferros quebradas, torres e fornos abandonados são alguns dos elementos que mais se veem no local. Além disso, o lugar é cheio de passagens subterrâneas, o que deixa o ambiente mais interessante e misterioso. Visitar o local à noite, só para os corajosos.
Curiosidade: a construção da Estrada de Ferro foi solicitada com o objetivo de atender os romeiros que se dirigem ao santuário, no entanto, nunca chegou a Pirapora. “Os trabalhos de construção foram realizados entre 1911 e 1914, com Os trilhos implantados em paralelo ao leito do Rio Juquery e do Córrego Ajuá (ou Perus), seu afluente. Entretanto, pouco depois do km 15, a linha foi bruscamente desviada para o Norte, na direção do bairro de Gato Preto, área então sob jurisdição do Município de Parnaíba, em flagrante contradição com o processo.”²
História
A história que envolve a Fábrica de Cimento Portland Perus é extremamente rica em detalhes, tramoias e injustiças. Resumindo, em 1910, o ministro Sylvio de Campos já havia descoberto que as rochas da região eram as melhores para produção de cimento. Em meados de 1926 a Fábrica é inaugurada, resultante de um consórcio entre comerciantes canadenses representados pela Drysdale y Pease (Montreal) e brasileiros ligados à Companhia Industrial e de Estrada de Ferro Perus-Pirapora.³
Chefiada pelos canadenses, a usina recebia todo tipo de cuidados, sobretudo com a qualidade de vida dos trabalhadores e suas famílias. J.J. Abdalla, ministro do governo na época e estrategista de primeira, sabia sobre o prazo da concessão, que venceria por volta de 1950. Chegou para os clientes da fábrica e anunciou que a usina só iria vender a produção se recebesse adiantado. Captou recursos suficientes para comprar a fábrica dos canadenses, assumindo em 1951.
O novo empregador só pensava em expandir a produção e esqueceu-se das questões trabalhistas: ao invés de consertar as máquinas, as remendava para não interromper o ritmo da produção. Em menos de três anos a primeira greve estourou. Para se ter uma ideia, os filtros dos fornos não foram instalados corretamente; 10% da fumaça que saía das torres espalhava-se pelo bairro de Perus, indo parar diretamente no pulmão da população. Outro agravante era nas épocas de chuvas, pois o pó de cimento misturava-se com a água e, na secagem, os telhados cediam com o peso. Os barrancos (até hoje) são cimentados pelo mesmo motivo.
Queixada não é lamentação
Portanto, a fábrica de cimento tem seu papel na economia nacional e sua história merece ser lembrada.
Serviço
O
programa faz parte da programação que comemora os 07 anos de Quilombaque. Para
saber sobre próximas datas de passeios, entre em contato com o grupo.
Telefone (11) 3917-3012
Email: quilombaque@gmail.com
ECO-MUSEU FERROVIÁRIO
Passeios sempre aos domingos: às 10h, 11h30min,
13h, 14h30min e 16h.
Ingressos: de R$3 a R$10
Informações e reservas: (11) 2885-2837 horário
comercial (inclusive no Domingo).
As vagas são limitadas a 40 pessoas por viagem
Atende também escolas durante a semana.
Referências:
¹,²e ³ Elcio Siqueira, Companhia
Brasileira de Cimento Portland Perus: contribuição para uma história da indústria
pioneira do ramo no Brasil (1926-1987)
¹ Soraia Ansara, O LEGADO DA GREVE DE PERUS:
LEMBRANÇAS DE
UMA LUTA
OPERÁRIA.
Imagens: Tamires Santana
Tamires
Santana é jornalista e designer gráfico, além de militante em prol dos
movimentos culturais na cidade de Francisco Morato. Ela escreve para o
AODC Noticias quinzenalmente, às terças-feiras.
Deve ser legal ir a essa fábrica a noite e fazer a brincadeira do copo! hahahaha Brincadeira, interessante o texto.
ResponderExcluirMuito bom, também estive neste passeio, muitas coisas interessante sobre a fabrica, cada canto, subsolo, que você imagina que tem trabalhadores ainda la.
ResponderExcluirInteressante a matéria, deve ser um bom passeio para os domingos!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiresse e minha garota , boa matéria
ResponderExcluire vale a pena fazer o passeio fica a dica!
parabens pela materia....
ResponderExcluirmoro em perus e ja fui a fabrica algumas vezes, mas tenho certeza qe jamais captaria essa mesma sensacao!!
Muito bom ^^
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