Por Tamires Santana
Filme Amistad, baseado em factos verídicos que ocorreram a bordo do navio La Amistad |
Uma vez, ouvi dizer que o problema do Brasil é a miscigenação que se permitiu desde a chegada dos europeus nas terras dos índios. Acho isso um absurdo. O problema do Brasil, se é que se pode resumir em apenas um, se deve ao aniquilamento das raízes que fortaleceriam a nossa identidade.
Shakespeare escreveu: “ser ou não ser, eis a questão”. Se ele está em dúvida se
vai ser ou não, é sinal de que, no mínimo sabe quem é, enquanto eu ainda me
pergunto: quem sou eu? O que vou explicar ao meu filho e ao meu neto sobre a história dos meus antepassados? Direi que sou negro (a), que tenho pé na
senzala e, consequentemente, derivei da África. Bem, mas se o berço da
humanidade deriva da África, todos têm ancestrais lá.
Escritor americano Alex Haley, também da biografia de Malcom XQuantos de nós não temos a menor ideia de onde viemos e quem somos? Imagine quantas histórias interessantes desencontradas e já enterradas? Este fato contribui para uma perda de identidade e um agravante quando praticamente tudo o que é derivado da cultura negra não é reconhecido, salvo engano no momento que se ganha dinheiro. O assunto se prolonga em discussões políticas, movimentos artísticos, teses acadêmicas etc. Por hoje, vamos nos limitar a procurar pensar da seguinte forma: é preciso ocupar todos os espaços, sobretudo os de liderança, além dos que já são ocupados hoje, sem perder um posicionamento e uma postura crítica na defesa da identidade enquanto negro. Nada de tocar fogo no mundo, apenas analisar certas desigualdades que andam acontecendo por aí há séculos. E depois, mesmo que em determinados momentos uma ou mais pessoas não compreendam sua postura, o importante é que você tenha consciência do que está fazendo. |
Filme "Da Cor Púrpura", que trata de questões de discriminação racial e sexual |
Como neste dia já temos uma infinidade de shows, peças teatrais, filmes, poemas
e oficinas que falem sobre a África, escravidão, formação do Brasil e sobre
culturas marginalizadas, a seguir, confira algumas dicas que vão durar muito
mais que meros 90 minutos. Certa vez, ouvi uma frase, sabe-se lá de quem, que, desde então, guardo comigo: “Uma
raiz forte amanhã não dá frutos podres.”
LIVROS
Abolicionista e escritora estadunidense Harriet Beecher Stowe |
Cabana do Pai Tomás
Autora: Harriet Beecher Stowe
Negras Raízes
Autor: Alex Haley
Editora: Círculo do Livro
Coleção Os Negros Caros Amigos
Editora: Casa Amarela
O povo brasileiro - A formação e o sentido do Brasil
Autor: Darcy Ribeiro
Editora: Companhia das Letras
Casa Grande e Senzala
Autor: Gilberto Freyre
Autora: Harriet Beecher Stowe
Negras Raízes
Autor: Alex Haley
Editora: Círculo do Livro
Coleção Os Negros Caros Amigos
Editora: Casa Amarela
O povo brasileiro - A formação e o sentido do Brasil
Autor: Darcy Ribeiro
Editora: Companhia das Letras
Casa Grande e Senzala
Autor: Gilberto Freyre
Amistad
Direção: Steven Spielberg
Da Cor Púrpura
Direção: Steven Spielberg
Hotel Rwanda
Direção: Terry George
Malcolm X
Direção: Spike Lee
Atlântico Negro - A rota dos orixás
Direção: Renato Barbieri
Zumbi Somos Nós
Direção: Coletivo "Frente Três de Fevereiro
MÚSICAS
Canto das Três Raças
Interpretação: Clara Nunes
Negros maravilhosos – Mutuo mundo Kitoko
Composição: Talismã (Camisa Verde e Branco)
Kizomba, a festa da raça
Autoria: G.R.E.S Unidos de Vila Isabel
Carta à mãe África
Letra: Gog
Afro brasileiro
Letra: Thaíde
Tamires Santana é jornalista e designer gráfico, além de militante em prol dos movimentos culturais na cidade de Francisco Morato. Ela escreve para o AODC Noticias quinzenalmente, às terças-feiras. Aprecie textos melancólicos, insensatos, apaixonados e quase nunca jornalísticos em: http://ofilhoemeu.blogspot.com.br/
Mas o que de fato é identidade?É uma construção coletiva? individualizada?Temos sim que ter mais do que identidade,temos que ter memória.Lembrar dos erros p/ ñ mais comete-los e isso inclui o histórico de povos africanos e,principalmente,indígenas que deram,de certa forma,junto com europeus origem ao que somos hoje. Mas, será que o que somos realmente tem a ver com o que eramos ou com o que queremos um dia vir a ser?Não existir mais o orgulho de ser negro,branco,amarelo,vermelho para simplesmente ter orgulho de sermos pessoas, indivíduos pregando o respeito mutuo,a igualdade dentre essa miscigenação tão bela?E isso não é deixar de dar valor ao passado,mas sim,de construir um futuro digno a partir do que aprendemos com quem lutou um dia por uma causa no passado.
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