Por Karen Goia
Diariamente vemos nos noticiários acidentes ou
assaltos que deixam vítimas fatais, falecimento daqueles entes queridos
que as vezes por enfermidade nos deixam saudades, boas recordações e
sentimentos. Em uma sociedade onde geralmente se preza os valores morais e
éticos, os bens materiais e familiares. Percebemos que muitas vezes a morte é
um enigma a ser desvendado e, muitas vezes, um assunto desagradável, que todos
temem e ninguém tem interesse em refletir sobre de uma forma mais consciente e
descontraída. Pois, se sustenta que a morte não é o fim natural da vida,
se não uma fase de um ciclo infinito. Vida, morte e ressurreição são os estados do processo
evolutivo de cada existência.
Pensando um pouco
sobre isso, decidi escrever sobre a tradição da cultura mexicana de comemorar o
dia dos mortos, assim como no dia de finados aqui no Brasil mas, ao contrário
dos brasileiros que vão aos cemitérios e à missas, no México os dias 01 e 02 de
Novembro são dias para celebrar e festejar. Agora você deve estar se
perguntando: Qual é o motivo da comemoração? Para os mexicanos a morte é o fim
de um ciclo e o início de outro. Essa
tradição milenar festiva é uma herança dos povos pré-hispânicos do México e que
a colônia espanhola incorporou. É também época de colheita e de fartura. Por
isso a festa e a alegria. Essa é uma forma de o povo demonstrar respeito e
adoração pelos seus entes queridos. É como se os espíritos tivessem permissão
para visitar sua família nesses dias, dois dias para que todos possam conviver
mais uma vez. Para isso, os altares dos mortos são montados com as iguarias e
os produtos que os desencarnados mais gostavam como cigarros, comidas e
bebidas.
No altar, além da imagem da Santa Muerte, outros quatro elementos básicos devem
ser representados. A água está lá para que o morto limpe seus pés após sair do
reino dos mortos. As frutas representam a terra. A vela é o fogo que ilumina o
caminho até o reino dos vivos. E o ar vem em forma de papel picado. Arranjos de
flores, ampulheta e terços também são utilizados como elementos do altar. A
decoração da festa é à base de caveiras e esqueletos. Também é tradição fazer
uma caveira de açúcar e cravar o nome dos que já se foram. As pessoas escrevem
também uma espécie de poesia com o nome do falecido, mas de uma forma bem
engraçada e divertida.
No dia de Los Muertos a Santa Muerte é a Anfitriã da festa popular que
toma conta do país. Muitas mexicanas saem nas ruas com o rosto pintado para
celebrar e homenagear este grande dia. Elas se maquiam de caveira, com muitas
cores e enfeites. Santa Muerte não é uma santa reconhecida pela igreja católica,
têm raízes na civilização astecas, onde ela é conhecida como Mictlancihuatl, a deusa da morte. Ela tem
muitos seguidores em todo o México e na América Latina. Dizem que ela responde
a todas as solicitações e, se seus devotos a servi-la bem, ela os concede uma
morte agradável quando chegar a hora do último suspiro.
Sua vestimenta é composta de uma longa capa negra,
embora ela esteja associada com outras cores fortes, como o vermelho, azul,
amarelo e laranja, dependendo da ocasião. Geralmente carrega uma
foice ou outros símbolos, as escalas (justiça), o globo (representa
o seu poder no mundo), a coruja (visão e orientação), a ampulheta (tempo), e a
lâmpada (clareza). Suas ofertas incluem pão, fruta, flores, tabaco, tequila,
seus fieis também oferecem licor de alcaçuz, rum, uísque e café.
Outra figura que não pode ser esquecida no dia de
Los Muertos é uma dama muito
especial, La Catrina de los Toletes, uma dama da alta sociedade que traz
consigo o triunfo da liberdade. Essa dama chiquérrima é representada por um
esqueleto com vestimenta que remete ao século XX e um grande chapéu
demonstrando que a morte é para todos, sem diferenciar raça, cultura,
nacionalidade, idade e nível social.
La Catrina, com a sua personalidade travessa, simpática e sedutora nos convida a
viver plenamente cada momento, seja grande ou pequenos, encontrando o
verdadeiro sentido da vida. Convidando todos a aproveitar o presente
e, através da música e da dança, se divertir e celebrar. Lembrando que a vida é
aqui, agora e para sempre, como as artes, que são eternas.
La Catrina |
Cada vez é mais comum ver incorporada como parte do Dia de los Muertos a criação de peças de
artesanato que representam La Catrina, seja argila ou outros materiais que,
dependendo da região, pode variar um pouco em suas roupas e, até mesmo, o
chapéu famoso. Paralela a este universo cultural, está uma jovem artista em especial. Sylvia
Ji. Essa americana de São Francisco demonstra em suas obras grande feminilidade e sensualidade, retratando a
beleza e os mistérios do universo da mulher, sua delicadeza e em muitas delas a
homossexualidade.
As suas obras de mais destaque são as que foram
inspiradas pelas tradições mexicanas, em muitas delas Ji retratou mulheres de
rostos pintados como se fossem caveiras mexicanas e com belos arranjos de
flores em suas cabeças. Destaco, também, as cores vibrantes em suas obras que
demonstram muita expressividade com os sentimentos feminino, como
tristeza,raiva, ternura, amor, proteção, fé, sensibilidade e devoção e, em
algumas obras, inspirações nas santas populares do México. Para maiores
informações sobre a artista acesse o site oficial http://www.sylviaji.com/
Fonte:
http://lacatrinamexicana.mex.tl/frameset.php?url=/98507_Las-Bellas-Artes-y-los-muertos.html
http://mekimista.deviantart.com/art/La-catrina-156404624
http://www.coroflot.com/jalbright/illustration
http://mekimista.deviantart.com/art/La-catrina-156404624
http://www.coroflot.com/jalbright/illustration
Karen Goia é Radialista. Possui Bacharelado em
Comunicação Social - Rádio e TV. Amante de música, cinema, fotografia, e
natureza. Grande apreciadora de diferentes culturas. É também estudante da
Oficina de Teatro 2013, do grupo A Ordem do Caos.
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