06/08/2013

Graffite: A arte que reflete a realidade das ruas!

Por Jessika Martins


Hoje em dia é normal sair na rua e ver nas paredes, muros, viadutos (principalmente localizado no centro da cidade), muito grafite, pintura e até bastante pichação. Mas como você enxerga isso? Aliás, você somente vê ou enxerga realmente? Por mais parecidas que essas duas palavras sejam, elas têm significados diferentes: ver é avistar e perceber algo, enquanto enxergar é observar, notar, entrever. E com base nisso, fiquei curiosa para saber a opinião de outras pessoas, e descobrir como realmente o grafite é visto e o por que.

A pergunta é:   “Como você vê a arte do grafite e qual a sua opinião sobre a mesma?”.

Av. Eng. Armando de Arruda Pereira
Jabaquara
Passarela Domingos A. Laurenti
 Liberdade











“Ah, eu amo grafite então sou suspeita pra falar a respeito. Pra mim uma rua com as paredes grafitadas fica muito mais alegre do que ela limpa (risos),  e é uma forma de levar uma cultura pra cidade, mais cor, mais vida, entende? Sem contar que é uma ARTE que a meu ver, uma das mais bonitas. A arte mudou minha vida, eu ainda não sei grafitar muito bem, mas estou no caminho (risos). Eu também penso que poderia dar mais espaço para o grafite, porque infelizmente ainda existem pessoas leigas que vêem o grafite como vandalismo, sendo que não tem nada a ver... A meu ver, mais uma vez eu digo, GRAFITE É ARTE, É VIDA, É SENTIMENTO, É CRATIVIDADE, É VOCÊ E A TINTA, é a melhor sensação do mundo, a arte mudou a minha vida”.– Izabelle Cristine, 20, tatuadora.

“No meu ponto de vista (o grafite) é uma liberdade de expressão! A expressão visual, o desenho, a pintura possui a enorme capacidade de gerar poesias, culturas e conhecimentos... A pichação ou vandalismo é caracterizado pelo ato de escrever em muros e vias públicas... O grafite é diferente, mas ainda esta ganhando um espaço e crescendo”.– Sheylla Rodrigues, 22, Operadora de Telemarketing.

“Meu nome é Thiago, mais conhecido como TH e sou tatuador. Graffite, para muitos é uma coisa marginalizada relacionada à pichação, sujeira, já que “eles” vivem em seu mundinho onde a arte está só na música clássica e nos quadros de Picasso... Pra mim é uma forma de arte maravilhosa, que dá cor a uma cidade cinza e escura como a cidade de São Paulo. Muitas das vezes, é uma arte que resgata jovens e ocupa suas mentes com a arte. Eu enxergo o graffite como uma forma de resgate. Me ajudou de muitas maneiras, me tirou da pichação, mudou meus caminhos. O que antes era um ato de vandalismo virou um tipo de expressão totalmente nova pra mim, e com um reconhecimento positivo, o que antes era “Ai credo, por que você faz esses rabiscos, sujando as paredes dos outros?””, hoje em dia eu escuto“Nossa, parabéns, que desenho lindo!”. Outra mensagem muito importante do Graffite é o respeito... Dito isso, posso afirmar que Graffite NÃO É UMAPOLUIÇÃO VISUAL como a pichação, e sim uma forma de arte que ainda está se desenvolvendo e com ótimos artistas, que fazem dos muros sua tela e da cidade sua grande exposição.” – Thiago Feitosa(TH), 25, Tatuador.

“Eu vejo o grafite como uma forma de a rua falar, no caso as pessoas que são mais oprimidas pelo poder do Estado. É uma forma de colocar os sentimentos, revolta, opinião, enfim expressar em forma de arte para que todos da sociedade vejam e tome conhecimento de sua arte ou opinião.” – Thiago Tito Oliveira, 22, Estudante de Engenharia Mecânica.

“Eu vejo a arte do grafite como um modo de expressão não apenas da periferia, mas como de qualquer pessoa que se sinta oprimida pela massa. Hoje ainda é muito confundida com pichação, porém o que poucos sabem é que cada arte grafitada é uma obra prima única, diferente de simples rabiscos feitos por quem também quer deixar sua marca!” – Aldeniei Santos, 22, Promotor.


Av. da Liberdade - São Joaquim


Rua José Veríssimo da Costa Pereira  
Jabaquara












Como podemos ver, o grafite, pelo menos para algumas das poucas pessoas que perguntei, é realmente visto como arte e não vandalismo, porém, ainda existe um preconceito com o mesmo. Acredito que são muitos os que ainda enxergam grafite como pichação, poluição visual ou vandalismo.
Aproveitando, resolvi perguntar para quem mais entende desse assunto: o grafiteiro.
Porém, além dessa pergunta mais básica, integrei mais algumas que também seriam bem interessantes. As perguntas foram feitas para o grafiteiro Cauê Guidorzi:

Como você vê a arte do grafite e qual a sua opinião sobre a mesma?

“Vejo como uma forma de expressão artística usada para representar o que vivemos no cotidiano.”.

Todo grafite é uma forma de protesto?

“Em minha opinião, sim. Pois, nossa luta é contra a situação em que as cidades se encontram na questão visual, por onde você olhar vai ver que é quase tudo cinza, queremos trazer cores vivas que provém da natureza e que se perderam coma expansão das metrópoles.”.

Qual é a sua opinião sobre pichação?

“A pichação agrada a mim e a muitos outros admiradores de Graffiti, até mesmo de outros países. Pois, as pichações que se encontram nas paredes de São Paulo têm uma caligrafia única, é uma cultura que conversa de fora pra dentro, porque só quem está no movimento entende o significado das letras ou palavras.”.

Para você, o grafite pode ser considerado pichação ou ato de vandalismo? Qual a relação entre os mesmos (grafite e pichação)?

“Não. Pois, a pichação (maneira correta de se escrever), geralmente não se utiliza a diversidade de cores, ela é feita de preto pra causar um impacto visual, trazendo a idéia de “sujeira”, querendo mostrar que existem partes da cidade que são literalmente um “lixo”. O Graffiti e a pichação não têm uma relação direta. Mas os dois têm a mesma finalidade, que é o protesto contra as cidades de cores “mortas”.

O que talvez, mudaria a visão das pessoas que tratam o grafite como vandalismo e poluição visual?

“Se começassem a prestar mais atenção em como os Graffitis deixam a cidade mais“alegre”.

Perguntas extras e curiosidades:
Sobre o seu trabalho com grafite: Como vive com o mesmo? Existem muitas críticas, tanto construtivas como as ruins?

“Sim, críticas são inevitáveis. Mas, acho que só pelo fato de andarmos sujos de tinta, pois, críticas ao meu trabalho nunca recebi.”.

As pessoas têm curiosidade e procuram pelo seu trabalho, ou seja, você faz trabalhos com o grafite voluntariamente ou também é pago por isso?

“São raras as vezes que me chamam e ajudam na compra do material, geralmente faço voluntariamente.”.

Como você começou no grafite? Que tipo de visão você tinha, antes disso?

“Para falar a verdade, comecei na pichação, mas sempre admirei o Graffiti. Então, comecei a me aprofundar e conhecer alguns Graffiteiros, que me influenciaram e me apoiaram pra que eu evoluísse e nunca desistisse.”.

Cauê Guidorzi tem 18 anos, é Mestre de Cerimônia (Mc) e grafiteiro. Mais sobre ele e o trabalho:



Viaduto Jaceguai
Liberdade 
Rua Dr. Falcão Filho
 Anhangabaú















Portanto, grafite é sim uma arte e não pode, nem deve ser considerado ato de vandalismo ou poluição visual. É claro que ainda existem os que vêem dessa forma, porém acredito que para os que pensam assim, abrir um pouco a cabeça e passar a enxergar melhor sobre o assunto /arte, é a melhor forma de fazer da nossa cidade mais bonita, colorida e inspiradora!

Agradecimentos:

A todos que participaram com suas opiniões e ao grafiteiro Cauê, e em especial à Bianca Roschel (que também está aprendendo e entrando pro “mundo do grafite”), que me ajudou muito com a matéria.

Av. Eng. Armando de Arruda Pereira
Jabaquara
 Av. Santa Catarina
Jabaquara
















Jessika Martins é estudante da Oficina de Teatro do grupo “A ordem do Caos”, trabalha como Auxiliar Administrativo, deseja cursar faculdade de Psicologia, faz aulas de Zouk e gosta muito de dança e da arte da tatuagem.


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