Por Ingrid Pierazzo
Sentado numa extremidade, concentrado e fixada a cabeça sobre
mesa, estava o homem. Da outra extremidade estava alguém que gritava pelo nome
deste sentado:
- Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes,
Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes, Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes!!!
Silêncio. Sem resposta.
- Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes,
Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes,
Guimarãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaes!!!
Embrabeceu, levantou-se de sua extremidade e foi gritar de novo,
agora aos ouvidos do homem concentrado.
-Guimarães, será que tu não me ouve? Está surdo por acaso?
Levantou a face e retirou os olhos daquilo que o prendia a mesa,
com vagareza, dando importância para verificação da figura que o encarava
impaciente.
Fitaram-se.
O homem tirou a música do ouvido e estendeu uma das pontas dela
para àquele que o gritava tempos atrás.
Trocando, os dois homens, um olhar incitante e exorbitado e outro
confirmado e conformado, houve silêncio.
Crônica de Ingrid Pierazzo
Ingrid Pierazzo, 20 anos, e estudante de design, é apaixonada pelas artes e por todas as formas que a represente e escreve quinzenalmente, toda segunda-feira, para o blog AODC Noticias.
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