Por Aline Pereira
Foto Guto
Muniz
Um Trem Chamado Desejo – Grupo Galpão |
Início de oficina, cabeça borbulhando de ideias e, ao fim dos primeiros meses vem a pergunta “O que vamos montar?”. E aí começa um turbilhão de cenas, experimentações e projetos... como termina? Xiii... essa é a questão! Com base nisso e aproveitando que ainda estamos no início de nossa oficina, escolhi um texto de Adélia Nicolete para refletirmos um pouco sobre a criação coletiva e o processo colaborativo, tão famosos nas montagens do final de ano.
Adélia Nicolete contextualiza esses processos de trabalho e aborda suas principais diferenças. Além disso, ela também cria uma discussão acerca da função do ator e do dramaturgo nesses processos de criação de espetáculos.
Segundo Nicolete, tanto a criação coletiva quanto o processo colaborativo correspondem a uma investigação coletiva, no entanto, a primeira propõe a interferência do grupo em todas as áreas da montagem, desde a produção de textos até a direção, passando pelo figurino, sonoplastia, cenografia, dentre outras, o que muitas vezes leva a peças longas, prolixas, com aparência caótica e suja. Tenho certeza de que todos, um dia, se ainda não se depararam vão se deparar com peças desse tipo.
Já no processo colaborativo, desde o início, as funções são divididas e cada um, respeitando as suas responsabilidades, tem como papel principal selecionar e organizar as ideias de todos com vistas à qualidade do produto final.
Em ambos os processos, é importante que se tenha a consciência de que nem tudo o que for sugerido será incluído no trabalho, por isso os participantes do grupo, sejam eles atores ou dramaturgos, devem ter um desprendimento muito grande em relação aos seus anseios, suas ideias e sugestões. E eis que é aí que se encontra uma das maiores dificuldades dos grupos que optam por esse tipo de processo: os cortes.
Assim, tanto a criação coletiva quanto o processo colaborativo quase sempre são um desafio para os grupos de teatro, principalmente para os mais inexperientes, que acabam montando trabalhos de pouca qualidade devido à priorização dos desejos de cada um em detrimento da unidade e do objetivo do espetáculo.
Mas relaxem, pois atualmente existem muitos grupos que se utilizam desses processos de criação e as pesquisas nessa área aumentam cada vez mais, tem muita coisa boa por aí! Cito aqui dois exemplos que valem a pena serem destacados, o trabalho do Antônio Araújo e o Teatro da Vertigem, de Luís Alberto de Abreu e do Grupo Galpão.
Se você se interessou e quiser conferir (vale muito a pena) o texto completo de Adélia Nicolete, segue o link: Criação coletiva e processo colaborativo: algumas semelhanças e diferenças no trabalho dramatúrgico
Foto
Pedro Motta
Atores Sergio Siviero e Vanderlei BernardinoO Livro de Jó – Teatro da Vertigem |
Referências:
Criação coletiva e processo colaborativo: algumas
semelhanças e diferenças no trabalho dramatúrgico. Texto de Adélia Nicolete publicado na revista
Sala Preta, versão 2, ano 2002.
Imagem O Livro de Jó retirada de http://www.teatrodavertigem.com.br/site/index2.php
Imagem Um Trem Chamado Desejo retirada de
http://www.nandaroverecultural.blogger.com.br/
Aline Pereira é atriz, formada em Comunicação pelo Centro
Universitário Belas Artes de São Paulo e, pós-graduada em Artes Cênicas pela
Faculdade Paulista de Artes.
Sou fã da Adélia! Minha primeira diretora!
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