31/01/2015

Biscoito ou Bolacha?

Por Beatriz Xavier

Determinado dia um sujeito ouviu no rádio algo curioso... Algo mudaria a forma como via o mundo. Estava sentando no consultório, esperando alguém ou a si mesmo, quando esperamos por tanto tempo esquecemos por completo aquilo que esperamos. Mas aquele sujeito tinha em suas orelhas desajeitadas um par de fones de ouvido.


Ele despreocupadamente ouvia música, mas não lhe dava a devia atenção, ouvia comentários entre uma e outra sem ouvir... Até que enfim ouviu: Metade dos jovens Norte-Americanos considera o livro um objeto arcaico...

Mas o que seria um objeto arcaico? O que seria arcaico para esse sujeito, ou para os jovens Norte-Americanos? Arcaico seria ultrapassado?

Não pode ser! – ele pensou – como desconsiderar um livro? Não digo que o papel seja fundamental... Temos leitores de E-book hoje em dia... Mas livro é livro... Imagine a humanidade considerar ultrapassado pensar? Esses jovens!

E então ele simplesmente se levantou, foi até o bebedouro, bebeu água – que estava acabando – E retornou para a sala de espera – sem saber o que esperar.


Na sala seu lugar havia sido ocupado por outra pessoa que possuía o aspecto cansado, como todas as outras ali, inclusive ele próprio. Seu olhar focou na pequena mesinha de centro, sobre ela nada de livros - nunca há livros - somente revistas. E sem saber o que de fato esperava saiu, caminhou pela rua... Ele um homem sem livros e ao lembrar-se da sala que acabou de abandonar foi capaz de perceber que nenhum dos cansados esperadores possuíam um livro. E ao reparar esse singelo detalhe veio a grande sacada do sujeito: Se não sabemos o que esperamos, mas matamos nosso tempo procrastinando sem razão e discutindo fervorosamente sobre Biscoito VS Bolacha, por que não nos matamos nosso tempo com Literatura? Que ao menos seja um homicídio que enriqueça. Pensar atrasa tanto a vida em uma cidade?

Imagens: Beatriz Xavier


Beatriz Xavier (Bia), 20 anos, é estudante de Licenciatura em Letras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Desde os doze anos de idade tinha certeza que seria escritora, hoje não possui mais tanta certeza, porém esse sonho ainda reina em seu mundinho. Escreve quinzenalmente aos sábados crônicas para o AODC Notícias.

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