30/05/2014

"Videogames e narrativa"

Por Marcel Avolio

Graficamente, videogames têm evoluído desde o fim dos anos 80. O foco na criação de gráficos realistas se tornou cada vez mais importante para as desenvolvedoras manterem uma vantagem competitiva e atenderem às demandas dos jogadores. Mas gráficos realmente são a única coisa que importa em videogames? Alguns dizem que sim, outros que não. Em geral, a “jogabilidade” costuma ser considerada o mais importante, uma vez que uma experiência divertida é criada por uma jogabilidade envolvente.

Porém, há quem argumente que uma experiência que permanece com o jogador, mesmo após os créditos finais, provém de uma história bem contada. Jogos realmente envolventes permanecem com você por conta de elementos da história que o fizeram sorrir, rir, chorar ou até mesmo mudar sua percepção de jogos em geral. Similar à sensação daquele livro do qual você não conseguiu desgrudar ou aquele filme que marcou sua vida, afinal, quem nunca terminou um desses e sentiu-se triste por chegar ao fim da história ou por começar a sentir falta das personagens. Com o aumento de jogos criados por desenvolvedoras independentes, os chamados jogos “indie”, esse foco em história e narrativa também tem se tornado mais proeminente, umas vez que as pequenas desenvolvedoras não têm acesso aos recursos mais avançados. Por outro lado, há franquias que têm contado grandes histórias há décadas; grandes exemplos seriam Final Fantasy e The Legend of Zelda. Ken Levine, o criador e principal roteirista de Bioshock e Bioshock Infinite, criou histórias que rivalizam grandes romances e filmes. 

“Cena de Final Fantasy 7, lançado em 1997
pela então Squaresoft
Com o passar do tempo, tem ficado cada vez mais nítida a influência de Hollywood na criação de jogos; assim como filmes, também há os chamados jogos “blockbuster”, com histórias simples, foco em ação, animação e efeitos especiais e que podem ser concluídos em um final de semana. Por outro lado, há aqueles jogos os quais você pode levar meses para terminar tudo o que oferecem; com uma história profunda e personagens carismáticos, esses normalmente se enquadram na categoria de RPG (Role Playing Game).

Contudo, isso não é tão fácil quanto parece; como manter esse equilíbrio entre narrativa e jogabilidade?  O que diferencia um jogo de um filme de cinema, por exemplo, é que o jogador tem controle sobre as ações dos personagens contidos na trama. Inclusive, há muitos jogos com reviravoltas e desfechos diferentes com base nas escolhas feitas durante o jogo. Um exemplo seria a trilogia Mass Effect, da Bioware, onde você escolhe desde a aparência e as falas do protagonista até decisões que afetam a trama da trilogia inteira. 

“Mass Effect e sua escolha de diálogos”
Por isso, é importante que o foco na narrativa não tire muito o controle do jogador; mesmo os mais aficionados irão começar a sentir certa monotonia, já que não é isso o que buscavam ao comprar um jogo; se quisessem somente assistir a uma história, teriam ido atrás de filmes ou séries.

É claro, no fim das contas, é tudo uma questão de público alvo, afinal, há vários tipos de jogadores. Há aqueles que só querem algo para passar o tempo sem terem que pensar muito, enquanto há outros que nem sequer se interessam por jogos se não tiverem algum tipo de enredo por trás. Mas uma coisa é certa: as desenvolvedoras estão cientes de que uma boa narrativa faz grande diferença e, com o aumento das tecnologias, espera-se que as formas de narrativa progridam junto, para que os jogos possam atingir todo o seu potencial.


Fonte das imagens:



Marcel Avolio é formado em letras-inglês, é tradutor e professor de inglês e integrante do grupo A Ordem do Caos.

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