16/06/2015

Gastronomia no Cinema: A Festa de Babette

Por Rúbia Domingues

O homem não só se absterá, 
também rechaçará qualquer pensamento de comida e bebida, 
só então poderá comer e beber no devido espírito.”
(Trecho retirado do filme A Festa de Babette)


Ganhador de um Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro, A Festa de Babette (1987) se passa em um vilarejo na costa da Dinamarca. A cenografia inaugurou o estilo de filmes gastronômicos.


Inspirado em um livro homônimo escrito por Karen Blixen, conta a história de duas irmãs, Martina e Philippa, filhas de um pastor que é líder de sua própria seita, que prega a salvação por meio da renúncia.
Existem poucas diferenças entre o filme e o livro: maior descrição de personagens, lugares e situações; diálogos mais completos; algumas tramas expostas no filme são mais detalhadas e ficam mais claras no livro; no entanto, em geral, todos os temas principais são abordados no filme.

Na trama, as irmãs seguem os preceitos religiosos impostos pelo pai mesmo após seu falecimento: permanecem se organizando com outros seguidores para reuniões e orientação, se voltam para os trabalhos de caridade, nunca se casaram e abstêm-se dos prazeres carnais. Cada uma, na juventude, teve seu admirador: Philippa encanta o General Lorens que, ao perceber que não poderá tê-la, muda sua vida totalmente depois da experiência com esta; já Martina encanta Archille Papin, um famoso tenor, que também não permanece na vida da jovem.

Babette, a personagem que dá nome ao filme, é uma fugitiva da comuna de Paris, que chega à casa das irmãs em uma noite de setembro de 1871, quando elas já estão em idade avançada.

Recomendada por carta por Papin, Babette passa a trabalhar na casa de Martina e Philippa em troca de hospedagem e comida. O único vínculo que ainda possui com a França é um bilhete de loteria que seu sobrinho renova todos os anos.

O tempo passa e, após 14 anos morando no vilarejo, já habituada aos costumes dos moradores e a rotina que desenvolveu, Babette recebe a notícia de que ganhou 10.000 francos na loteria de Paris. Quista e útil, tanto para as irmãs quanto para os moradores do vilarejo, eles temem que ela retorne a Paris. Temem perdê-la.

Enquanto isso, em homenagem ao centenário do pastor, pai de Martina e Philippa, é decidido que haverá uma comemoração. Babette pede às irmãs que a deixem preparar um jantar francês e custeá-lo. As irmãs não aceitam de início, mas diante da insistência e argumentos de Babette, acabam permitindo que ela o prepare. Porém, não habituados com os ingredientes encomendados, os seguidores dos ensinamentos do pastor, que são os convidados das irmãs para a refeição, chegam a imaginar que Babette esteja fazendo bruxaria. Fazem um acordo: irão comer, mas não vão saborear nada. Não sentirão o prazer de degustar e não farão comentários que estejam relacionados ao jantarNo entanto, o que lá acontece é algo inesperado: o que procuravam na religião encontram na comida

O filme fala de religiosidade, generosidade, de amar o que se faz e assim doar-se; do significado da arte; e o mais importante: como uma refeição pode influenciar a vida das pessoas.
Babette, ao fim do filme, menciona as frases mais significativas de toda a história:





“Um artista nunca é pobre.”



“Eu podia fazê-los felizes, quando dava o melhor de mim mesma.”






Trailer



Os pratos preparados por Babette

Enquanto o jantar acontece, os elogios do General Lorens Löwenhielm são entusiasmantes. Não só o cuidado com a organização da mesa, como com o preparo de cada prato individualmente, é admirável: Babette realmente se dedica a oferecer o melhor de si mesma.

Ela serve os seguintes pratos no filme:

  • Potage a’la Tortue (Sopa de Tartaruga)
  • Blinis Demidoff au Caviar (Blinis Debidov)
  • Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago)
  • La Salade (Salada)
  • Les Fromages (Queijos curados variados)
  • Baba au Rhum avec les Figues (Bolo embebido em calda de rum)

Veja abaixo uma das receitas mais bonitas (e curiosas) do roteiro: uma versão de Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago). Trata-se de um tipo da Tastemade, um pouco diferente e mais barata.


  


Além das frutas, Babette serve como sobremesa o Baba au Rhum avec les Figues, uma deliciosa e tradicional receita francesa. É um bolo servido com calda de rum e frutas. Confira como fazer no site I Could Kill For Dessert.



Rúbia Domingues é estudante de gastronomia e integrante do grupo A Ordem do Caos. Gosta de artes plásticas, artesanato e cinema. Escreve eventualmente para o BlogAbrasileirando e quinzenalmente para o AODC Notícias.

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