Por Rúbia Domingues
“O homem não só se absterá,
também
rechaçará qualquer pensamento de comida e bebida,
só então poderá comer e beber
no devido espírito.”
(Trecho retirado do filme A Festa de Babette)
Ganhador de um Oscar na categoria de
melhor filme estrangeiro, A Festa de Babette (1987) se passa em
um vilarejo na costa da Dinamarca. A cenografia inaugurou o estilo de filmes
gastronômicos.
Inspirado em um livro homônimo escrito por Karen Blixen, conta a história de duas irmãs, Martina e Philippa, filhas de um pastor que é líder de sua própria seita, que prega a salvação por meio da renúncia.
Existem poucas diferenças entre o filme
e o livro: maior descrição de personagens, lugares e situações;
diálogos mais completos; algumas tramas expostas no filme são mais detalhadas e
ficam mais claras no livro; no entanto, em geral, todos os temas principais são
abordados no filme.
Na trama, as irmãs seguem os preceitos
religiosos impostos pelo pai mesmo após seu falecimento: permanecem se organizando
com outros seguidores para reuniões e orientação, se voltam para
os trabalhos de caridade, nunca se casaram e abstêm-se dos prazeres carnais. Cada uma, na juventude, teve seu
admirador: Philippa encanta o General Lorens que, ao perceber que não poderá
tê-la, muda sua vida totalmente depois da experiência com esta; já Martina
encanta Archille Papin, um famoso tenor, que também não permanece na vida da
jovem.
Babette, a personagem que dá nome ao
filme, é uma fugitiva da comuna de Paris, que chega à casa das irmãs em
uma noite de setembro de 1871, quando elas já estão em idade avançada.
Recomendada por carta por Papin, Babette
passa a trabalhar na casa de Martina e Philippa em troca de hospedagem e
comida. O único vínculo que ainda possui com a França é um bilhete de loteria que
seu sobrinho renova todos os anos.
O tempo passa e, após 14 anos morando no vilarejo, já habituada aos costumes dos moradores e a
rotina que desenvolveu, Babette recebe a notícia de que ganhou 10.000 francos na loteria de Paris. Quista e útil, tanto para as irmãs quanto
para os moradores do vilarejo, eles temem que ela retorne a Paris. Temem perdê-la.
Enquanto isso, em homenagem ao
centenário do pastor, pai de Martina e Philippa, é decidido que haverá uma
comemoração. Babette pede às irmãs que a deixem preparar um jantar francês e custeá-lo. As irmãs não aceitam de início, mas diante da insistência e argumentos
de Babette, acabam permitindo que ela o prepare. Porém, não habituados com os ingredientes
encomendados, os seguidores dos ensinamentos do pastor, que são os
convidados das irmãs para a refeição, chegam a imaginar que Babette esteja fazendo bruxaria. Fazem um acordo: irão comer, mas não vão saborear
nada. Não sentirão o prazer de degustar e não farão comentários que estejam
relacionados ao jantar. No entanto, o que lá acontece é
algo inesperado: o que procuravam na religião encontram na comida.
O filme fala de religiosidade, generosidade, de amar o que se faz e assim doar-se; do significado da arte; e o mais importante: como uma refeição pode influenciar a vida das pessoas.
O filme fala de religiosidade, generosidade, de amar o que se faz e assim doar-se; do significado da arte; e o mais importante: como uma refeição pode influenciar a vida das pessoas.
Babette, ao fim do filme, menciona as frases mais
significativas de toda a história:
“Um artista nunca é pobre.”
“Eu podia fazê-los felizes, quando dava o melhor de mim
mesma.”
Trailer
Os pratos preparados por Babette
Enquanto o jantar acontece, os elogios
do General Lorens Löwenhielm são entusiasmantes. Não só o cuidado com a
organização da mesa, como com o preparo de cada prato individualmente, é
admirável: Babette realmente se dedica a oferecer o melhor de si mesma.
Ela serve os seguintes pratos no
filme:
Veja abaixo uma das receitas mais bonitas (e curiosas) do roteiro: uma versão de Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago). Trata-se de um tipo da Tastemade, um pouco diferente e mais barata.
- Potage a’la Tortue (Sopa de Tartaruga)
- Blinis Demidoff au Caviar (Blinis Debidov)
- Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago)
- La Salade (Salada)
- Les Fromages (Queijos curados variados)
- Baba au Rhum avec les Figues (Bolo embebido em calda de rum)
Veja abaixo uma das receitas mais bonitas (e curiosas) do roteiro: uma versão de Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago). Trata-se de um tipo da Tastemade, um pouco diferente e mais barata.
Além das frutas, Babette serve como sobremesa o Baba au Rhum avec les Figues, uma deliciosa e tradicional receita francesa. É um bolo servido com calda de rum e frutas. Confira como fazer no site I Could Kill For Dessert.
Rúbia
Domingues é estudante de gastronomia e integrante do grupo A Ordem do Caos.
Gosta de artes plásticas, artesanato e cinema. Escreve eventualmente para o
BlogAbrasileirando e quinzenalmente para o AODC Notícias.
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