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16/11/2016

Meninos em fúria e o som que mudou a música para sempre

Por Eduardo Silva



Conhecemos os anos 1980 como a década dourada do rock brasileiro, na qual surgiram algumas das bandas mais importantes e influentes de todos os tempos: Legião Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Titãs e Ira!. Estes são apenas alguns exemplos, praticamente todas elas estão nas rádios até hoje.

Com texto incrível de Marcelo Rubens Paiva, o livro Meninos em Fúria é um registro do início desse movimento na visão de um jovem punk e negro da periferia de São Paulo.

A obra é focada no movimento punk e conta a história de uma das grandes bandas do período e seu líder, Clemente Tadeu Nascimento, que é vocalista e guitarrista da Plebe Rude desde 2004 e que hoje está à frente da banda Inocentes. Ele também apresenta o programa Showlivre e divide com Gastão Moreira o canal Kazagastão no Youtube.

Com o livro, é possível entender o quanto Clemente e sua banda foram importantes para a época, tratando da transformação dos punks sob uma espécie de autocrítica e expondo alguns motivos que não permitiram o Inocentes ser tão famoso e vender tantos discos quanto as outras, mesmo que tenha sido uma das melhores e se diferenciado com letras de protesto e refrões grudentos. A obra ainda conta detalhes dos bastidores e como tudo acontecia: brigas, encontros, festivais, mais brigas, trocas de integrantes, bebedeiras e mais brigas. Tudo isso antes do rock alternativo ser considerado mainstream e conquistar rádios, programas de TV e encher casas de shows.

Paralelo a isso, Marcelo conta os bastidores de sua vida, histórias sobre como foi escrever seu clássico Feliz Ano Velho, como foi virar um autor famoso e as dificuldades e prazeres daqueles anos. O livro é ao mesmo tempo uma biografia, um romance e um registro histórico. Com toda certeza merece ser lido.

Livro: Meninos em fúria e o som que mudou a música para sempre
Autores: Marcelo Rubens Paiva e Clemente Tadeu Nascimento
Editora: Alfaguara 
Ano: 2016

Baixista, de Diadema e formado em educação física, Eduardo Silva foi membro do grupo A Ordem do Caos entre 2012 e 2014. É autor do texto "Escrevendo Eu" e agora busca por algo que o permita continuar sendo pobre. Segue lá no face: Eduardo Silva.

11/05/2016

Hip Hop Cultura de Rua:­ um livro de Keseone & Raul Dias

Por Tamires Santana
Registrar é resistir.

Vivenciar o fato, eis ainda a maior das experiências humanas. No entanto, é o seu registro a melhor maneira de evitar que o fato se perca nas profundezas de uma curta memória e na correnteza de uma extensa linha do tempo.

Da esquerda para direita: primeira edição do livro por Kaseone & Raul Dias e segunda edição por Kaseone & MC Who?
Ainda que registrar o presente tenha se tornado algo corriqueiro ­ o que por um lado dá voz à democratização do discurso visual e por outro ocorre o excesso de conteúdos e uma banalização da memória de nossa época, é sabido que nem sempre foi assim... Se hoje a discussão gira em torno dos excessos, nas gerações passadas o acesso a equipamentos ou à facilidade em preservar os registros (fotográficos, escritos, visuais e orais) era algo raro. E esta raridade abre espaço até hoje para um sentimento de novidade, preenchido pelo “nossa, não sabia” ou pelo clima de nostalgia.

Do acervo iconográfico ao destino dado a ele, a questão é: uma vez existente um registro, ele se torna uma extensão da memória e ter memória faz toda a diferença para reforçar uma obra. Escrito e reescrito, o livro Hip Hop Cultura de Rua  revela as raízes do hip hop de São Paulo; e agora, em sua segunda edição, de outras partes do Brasil. De autoria de Kaseone e MC Who? (é com interrogação mesmo), ganhou mais 97 páginas para indicar a trajetória de estados como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia, assim como também fala a respeito da importância histórica do filme “Beat­Street” (1984) para a cultura de rua e o percurso do hip hop, sobretudo o rap, para as periferias e o diálogo aberto com o Brasil.

Fotos de Criolo, Mano Brown, Edi Rock, DJ KL Jay, Sharylaine, Grupo Sampa Crew, Bonga, Dina Dee etc., além de recortes de noticiários e imagens de eventos, podem ser conferidos na publicação e dão riqueza de detalhes à pesquisa. O livro foi realizado sob incentivo do edital VAI junto à Prefeitura de São Paulo (Secretaria de Cultura) e possui um site criado por Kaseone HHB Studio, disponível em https://www.hiphopculturaderua.com.br, canal de comunicação que amplia a pluralidade do movimento abordada na versão impressa.

Tamires Santana, 26 anos, é empresária de Bonga Produções, jornalista de formação e designer gráfico de paixão. Trabalha na área de criação e conteúdo em projetos culturais e educacionais voltados à arte urbana e o graffiti. Seu trabalho pode ser conferido em http://tamisantana.wix.com/oficial

19/03/2016

Biblioteca Parque Villa-Lobos é atração cultural gratuita em SP

Por Danilo Moreira

Inspiração! Esta talvez seja a palavra que mais ilustra o que senti ao visitar pela primeira vez a Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL), dentro do parque de mesmo nome, no Alto de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Inaugurado no final de 2014, o espaço possui quatro mil metros quadrados. O prédio em si já é convidativo e harmoniza-se com o verde do parque. Após passar pela catraca, você se depara com uma grande estrutura em formato de oca. Lá dentro, você pode entrar e relaxar nas camas e poltronas que ocupam o espaço, que também recebe atividades culturais.


O acervo da BVL tem como principal foco literatura e questões ambientais, com títulos disponíveis para empréstimo. Interessou-se por um livro? Pode pegá-lo da estante ou das mesinhas ao redor e sentar-se nas confortáveis e coloridas poltronas que contornam boa parte dos setores. Além dos livros tradicionais e em Braille, é possível encontrar outros formatos como DVDs, CDs, audiolivros e HQs. 
A biblioteca também conta com salas de jogos eletrônicos, ludoteca, computadores com acesso à internet e deck com vista para o parque. Além dos espaços para leitura e empréstimo de livros, o local também promove atrações culturais como contação de histórias, mediação de leitura, cursos, oficinas, teatro, exposições, saraus e encontros com escritores.
Foi prazeroso conhecer este local. A estrutura valoriza espaços públicos criativos, repletos de cores, grandes janelas que mostram a beleza do Parque Villa-Lobos, e uma atmosfera lúdica, mostrando ser uma “biblioteca viva”, conforme descreve o site da instituição. Observa-se também a preocupação com acessibilidade como aparelhos de tecnologia assistiva, folheador de páginas, mesas ergonômicas e equipamentos de informática adaptados. A BVL é fruto de uma parceria do Governo do Estado de São Paulo, às Secretarias da Cultura e do Meio Ambiente e à Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura (SP Leituras). Para saber mais sobre a biblioteca, acesse www.bvl.org.br

Fontes: 

Fotos: 1 e 3 – Acervo pessoal | 2 - Blog Céu Estrelado

Danilo Moreira é jornalista e escritor. Além de gostar de observar e delirar sobre as entrelinhas do cotidiano, também produz conteúdos voltados à criatividade no site Gênio Criador. Trabalhou no teatro por três anos com atuação e criação de roteiros. Escreve mensalmente para o AODC Notícias.

16/06/2015

Gastronomia no Cinema: A Festa de Babette

Por Rúbia Domingues

O homem não só se absterá, 
também rechaçará qualquer pensamento de comida e bebida, 
só então poderá comer e beber no devido espírito.”
(Trecho retirado do filme A Festa de Babette)


Ganhador de um Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro, A Festa de Babette (1987) se passa em um vilarejo na costa da Dinamarca. A cenografia inaugurou o estilo de filmes gastronômicos.


Inspirado em um livro homônimo escrito por Karen Blixen, conta a história de duas irmãs, Martina e Philippa, filhas de um pastor que é líder de sua própria seita, que prega a salvação por meio da renúncia.
Existem poucas diferenças entre o filme e o livro: maior descrição de personagens, lugares e situações; diálogos mais completos; algumas tramas expostas no filme são mais detalhadas e ficam mais claras no livro; no entanto, em geral, todos os temas principais são abordados no filme.

Na trama, as irmãs seguem os preceitos religiosos impostos pelo pai mesmo após seu falecimento: permanecem se organizando com outros seguidores para reuniões e orientação, se voltam para os trabalhos de caridade, nunca se casaram e abstêm-se dos prazeres carnais. Cada uma, na juventude, teve seu admirador: Philippa encanta o General Lorens que, ao perceber que não poderá tê-la, muda sua vida totalmente depois da experiência com esta; já Martina encanta Archille Papin, um famoso tenor, que também não permanece na vida da jovem.

Babette, a personagem que dá nome ao filme, é uma fugitiva da comuna de Paris, que chega à casa das irmãs em uma noite de setembro de 1871, quando elas já estão em idade avançada.

Recomendada por carta por Papin, Babette passa a trabalhar na casa de Martina e Philippa em troca de hospedagem e comida. O único vínculo que ainda possui com a França é um bilhete de loteria que seu sobrinho renova todos os anos.

O tempo passa e, após 14 anos morando no vilarejo, já habituada aos costumes dos moradores e a rotina que desenvolveu, Babette recebe a notícia de que ganhou 10.000 francos na loteria de Paris. Quista e útil, tanto para as irmãs quanto para os moradores do vilarejo, eles temem que ela retorne a Paris. Temem perdê-la.

Enquanto isso, em homenagem ao centenário do pastor, pai de Martina e Philippa, é decidido que haverá uma comemoração. Babette pede às irmãs que a deixem preparar um jantar francês e custeá-lo. As irmãs não aceitam de início, mas diante da insistência e argumentos de Babette, acabam permitindo que ela o prepare. Porém, não habituados com os ingredientes encomendados, os seguidores dos ensinamentos do pastor, que são os convidados das irmãs para a refeição, chegam a imaginar que Babette esteja fazendo bruxaria. Fazem um acordo: irão comer, mas não vão saborear nada. Não sentirão o prazer de degustar e não farão comentários que estejam relacionados ao jantarNo entanto, o que lá acontece é algo inesperado: o que procuravam na religião encontram na comida

O filme fala de religiosidade, generosidade, de amar o que se faz e assim doar-se; do significado da arte; e o mais importante: como uma refeição pode influenciar a vida das pessoas.
Babette, ao fim do filme, menciona as frases mais significativas de toda a história:





“Um artista nunca é pobre.”



“Eu podia fazê-los felizes, quando dava o melhor de mim mesma.”






Trailer



Os pratos preparados por Babette

Enquanto o jantar acontece, os elogios do General Lorens Löwenhielm são entusiasmantes. Não só o cuidado com a organização da mesa, como com o preparo de cada prato individualmente, é admirável: Babette realmente se dedica a oferecer o melhor de si mesma.

Ela serve os seguintes pratos no filme:

  • Potage a’la Tortue (Sopa de Tartaruga)
  • Blinis Demidoff au Caviar (Blinis Debidov)
  • Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago)
  • La Salade (Salada)
  • Les Fromages (Queijos curados variados)
  • Baba au Rhum avec les Figues (Bolo embebido em calda de rum)

Veja abaixo uma das receitas mais bonitas (e curiosas) do roteiro: uma versão de Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine (Codornas no Sarcófago). Trata-se de um tipo da Tastemade, um pouco diferente e mais barata.


  


Além das frutas, Babette serve como sobremesa o Baba au Rhum avec les Figues, uma deliciosa e tradicional receita francesa. É um bolo servido com calda de rum e frutas. Confira como fazer no site I Could Kill For Dessert.



Rúbia Domingues é estudante de gastronomia e integrante do grupo A Ordem do Caos. Gosta de artes plásticas, artesanato e cinema. Escreve eventualmente para o BlogAbrasileirando e quinzenalmente para o AODC Notícias.

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